O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), prestou depoimento à Polícia Federal (PF) na tarde desta sexta-feira (17).
Juscelino é investigado pela PF no inquérito que apura supostos desvios de emendas parlamentares via Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Ele defende a regularidade da destinação de emendas e criticou a investigação e a condução do depoimento por um delegado da PF. Chegou a fazer comparação com a Lava Jato.
A investigação tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Em setembro de 2023, o então relator da investigação, ministro Roberto Barroso, bloqueou R$ 835 mil do ministro.
O magistrado também afastou do cargo a prefeita de Vitorino Freire (MA), Luanna Martins Bringel Rezende, irmã de Juscelino. Ela é investigada no caso. Barroso autorizou a volta dela ao cargo dias depois.
Modus operandi da Operação Lava Jato
Em nota depois do depoimento, Juscelino disse a investigação apura “convênios decorrentes de emendas parlamentares, que foram destinadas de forma legítima e transparente”.
Ele afirmou que o depoimento durou 15 minutos e que foi encerrado “abruptamente” pelo delegado do caso, quando seus advogados comunicaram que ele “responderia apenas perguntas relacionadas ao objeto da investigação autorizada pelo STF”.
“Infelizmente, o delegado optou por basear suas perguntas em informações que extrapolam o objeto da apuração, que sequer foram fornecidas a meus advogados, evidenciando que o propósito da investigação é devassar a minha vida e encontrar algo contra mim a qualquer custo. Esse método repete o modus operandi da Operação Lava Jato que, como sabemos, resultou em consequências danosas a pessoas inocentes”, afirmou.
Segundo Juscelino, ele se tornou “personagem principal” da investigação depois de se tornar ministro do governo.
“Quero reiterar que sempre estive e continuo à disposição das autoridades competentes para prestar os devidos esclarecimentos, desde que sejam respeitados os procedimentos legais e sem julgamentos prévios”, declarou.
Leia a íntegra da nota do ministro das Comunicações, Juscelino Filho:
Nota de Esclarecimento
Prestei depoimento à Polícia Federal (PF) na tarde desta sexta-feira (17) sobre um inquérito que investiga convênios decorrentes de emendas parlamentares, que foram destinadas de forma legítima e transparente. O depoimento, que durou pouco mais de 15 minutos, foi encerrado abruptamente pelo delegado quando meus advogados comunicaram que eu responderia apenas perguntas relacionadas ao objeto da investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Infelizmente, o delegado optou por basear suas perguntas em informações que extrapolam o objeto da apuração, que sequer foram fornecidas a meus advogados, evidenciando que o propósito da investigação é devassar a minha vida e encontrar algo contra mim a qualquer custo. Esse método repete o modus operandi da Operação Lava Jato que, como sabemos, resultou em consequências danosas a pessoas inocentes.
Embora não tenha sido questionado, fiz questão de ressaltar a legalidade das emendas e os benefícios que elas levariam para milhares de moradores de 11 povoados na região de Vitorino Freire. Esses cidadãos precisam de asfalto para superar as dificuldades de transitar durante as épocas de chuva, quando ficam isolados e sem acesso a serviços essenciais. A ausência da obra implica em condenar permanentemente esses cidadãos a viverem sob condições precárias.
No depoimento, fiz questão de perguntar se havia alguma dúvida ou acusação sobre o meu trabalho à frente do Ministério, visto que me tornei o personagem principal desta investigação após ser nomeado ministro. No entanto, não obtive resposta. Quero reiterar que sempre estive e continuo à disposição das autoridades competentes para prestar os devidos esclarecimentos, desde que sejam respeitados os procedimentos legais e sem julgamentos prévios.
Aguardo, com muita tranquilidade, um desfecho justo e imparcial, mantendo minha fé na Justiça e confiança na retidão dos meus atos. E espero que vazamentos seletivos, como vem ocorrendo ao longo deste processo, sejam cessados, pois ao invés de esclarecer, só distorcem a verdade dos fatos.”
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