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Saiba como é o complexo de Tremembé, para onde Ronnie Lessa será transferido

Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, será transferido da Penitenciária Federal em Campo Grande (MS) para o presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, escoltado por um esquema de segurança que está sendo montado pela Polícia Penal Federal.

A Penitenciária Doutor Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, conhecida como Penitenciária I de Tremembé, está localizada no município de Tremembé, no Vale do Paraíba, a 160 km de São Paulo.

A prisão foi inaugurada em 1990 e tem área de 38,4 mil metros quadrados. Segundo dados da Secretaria da Administração Penitenciária, Tremembé I tem capacidade para 1.278 pessoas e conta com 1.924 internos. Ou seja, encontra-se em estado de superlotação.

Na ala de progressão, destinada a presos do regime semiaberto, são 246 detentos, em um local que pode receber até 207. Há, ainda, uma área para as chamadas “prisões civis”, como em casos de dívida de pensão alimentícia.

O complexo tem ainda a Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, mais conhecida como Tremembé II (onde estão presos famosos), a Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier de Tremembé e a Penitenciária Feminina Tremembé II.

Segundo o analista da CNN Pedro Duran, após análise interna, a Secretaria da Administração Penitenciária decidiu que Lessa ficará em Tremembé I. Seria o lugar de menor risco.

Por lá, Lessa ficará, pelo menos por enquanto, em uma cela individual durante o regime de observação.

Presos famosos

Entre os criminosos mais conhecidos que já passaram pelo complexo prisional de Tremembé estão Suzane von Richthofen, condenada pela morte dos pais, bem como os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, que participaram do crime, e Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, culpados pelo assassinato da menina Isabella Nardoni.

Elize Matsunaga, presa por matar o marido, Marcos Matsunaga, e o ex-seminarista Gil Rugai, que foi declarado culpado por matar o pai e a madrasta, também são rostos conhecidos levados ao complexo.

Tremembé também foi o lugar para o qual Mizael Bispo, condenado por matar a ex-namorada, Mécia Nakashima, foi encaminhado. Foi o mesmo caminho feito pelo médico Roger Abdelmassih, preso por estuprar pacientes, e por Lindemberg Alves, preso pelo assassinato de Eloá Pimentel.

Pessoas ligadas ao esporte também aparecem nessa relação. É o caso do ex-atacante Robinho, preso pela Polícia Federal (PF), após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir que o atacante deveria cumprir no Brasil a pena de nove anos pelo crime de estupro, determinada pela Justiça da Itália.

O ex-goleiro Edinho, filho de Pelé, também cumpriu pena em Tremembé por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele deixou a prisão em 2019.

Atividades optativas

Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, aulas de teatro, inglês, ações religiosas e ensaios musicais são atividades optativas no presídio.

A unidade conta com duas empresas que contratam mão de obra carcerária, com oficinas de reforma de carteiras e cadeiras escolares, montagem de embalagens e pedras sanitárias administradas pela Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap).

Além disso, ainda segundo a SAP, a unidade disponibiliza oficinas de montagem de móveis de escritório e oficina de corte de tecidos para uniforme. No local, há uma parceria com uma empresa de fabricação de peças para box, portas e janelas de vidro.

“A designação para vaga de trabalho considera a formação profissional/habilidade do preso e a vaga disponível, respeitando a lista única em ordem cronológica por data de ingresso”, diz a SAP.

Como será a transferência de Lessa

Pelas informações do protocolo, Lessa será levado em um avião da Polícia Federal de um estado a outro, na chamada transferência aérea.

Dentro do avião, agentes fazem a escolta e o preso tem que ficar de cabeça baixa durante todo o voo.

No trajeto, os policiais mantêm armamento e rotina de segurança para evitar qualquer intercorrência até chegar no local de “entrega” do preso federal para o estado.

A “entrega” se baseia na papelada. O chefe da operação, representando a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do Ministério da Justiça, assina juntamente ao representante da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo, “recebendo” o preso e sendo seu novo responsável.

Esse procedimento de transferência pode acontecer tanto na cela do aeroporto quanto já dentro da penitenciária. Os agentes checam os dados do preso, fazem revista pessoal e seguem o protocolo.

A data de quando essa transferência será realizada é mantida sob sigilo por questões de segurança.

Por enquanto, Lessa se mantém em Mato Grosso do Sul, onde é o “interno 33” e tem histórico de “bom comportamento”, conforme apurou a CNN.

O ex-PM, inclusive, já reduziu em 200 dias sua pena. Ele fez isso lendo livros, pois desde 2020 faz parte do programa “Remição pela leitura”, que possibilita redução da pena, caso seja condenado pelo duplo assassinato ao fim do processo.

(Publicado por Lucas Schroeder, com informações de Elijonas Maia, Marcos Guedes, Rafael Villarroel e do Estadão Conteúdo)

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