O plano da equipe econômica para cortar gastos é insuficiente e não deve ser levado a sério. A opinião é do ex-diretor do Banco Central (BC) e consultor da A.C. Pastore, Alexandre Schwartsman, entrevistado desse fim de semana do CNN Entrevistas.
“A pauta de redução de gastos é risível, não mexe em grandes números e não tem apetite político para mexer onde é importante”, disse o ex-BC.
Recentemente, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, anunciaram a intenção de acelerar o plano de reduzir despesas primárias do governo no esforço de ajuste das contas públicas.
Schwartsman argumenta que as iniciativas listadas até agora não têm corte de gastos como consequência.
“A ministra do Planejamento e Orçamento diz que tem Plano A, B, C… Mas onde entra o corte do Orçamento? Lá no final do alfabeto. Até chegar lá, temos problemas”, disse.
Uma das sugestões do economista é redesenhar o Bolsa Família, que nos últimos anos sofreu com a piora do Cadastro Único e a propagação dos benefícios unifamiliares – aqueles pagos a um único individuo e que, muitas vezes, mora com outras pessoas que recebem um segundo benefício.
O ex-diretor do BC e ex-economista-chefe de grandes bancos, como ABN Amro e Santander, diz que especialmente o Executivo não tem vontade política para cortar despesas primárias.
“Isso dito, o teto de gastos se revelou insustentável. O arcabouço fiscal também é insustentável. O teto durou alguns anos. O arcabouço acabou antes de começar”, disse, ao lembrar da mudança já anunciada da meta para 2025. No próximo ano, o governo promete entregar déficit zero. Antes, a promessa era de terminar com superávit equivalente a cerca de 0,5% do PIB.
Schwartsman nota que o governo gasta muito, e essa despesa cresce mais rápido que o ritmo da economia. “Em 1997, o governo federal gastava o equivalente a 14% do PIB. Hoje, está perto de 20%. Em 30 anos, subimos 7,8 pontos do PIB”.
Compartilhe: