As obras para a construção de um novo condomínio do ‘Minha Casa, Minha Vida’ estão suspensas por decisão da prefeitura de Volta Redonda. Pelo menos, por enquanto. O projeto previa 112 unidades de apartamentos (para 450 moradores) no Belmonte, na Rua L. Detalhe: as intervenções no terreno – doado pelo Poder Público – já estavam acontecendo. Mas isso não impediu que o prefeito Neto, diante de reclamações e protestos dos moradores do bairro, mandasse paralisar os serviços até que uma solução seja encontrada que atenda aos interesses de todos os envolvidos.
No domingo, 21, por exemplo, até uma manifestação foi feita por moradores do Belmonte contrários à construção do ‘Minha Casa, Minha Vida’ no bairro. Vereador com reduto eleitoral na localidade, Luciano Mineirinho (UB), que é da base de apoio do prefeito Neto, participou do encontro. “Eu particularmente sou contra essa obra do governo Federal, pois este modelo de predinhos da ‘Minha Casa, Minha Vida’ não deu certo. Reitero que sou favorável à moradia para as pessoas que, de fato, necessitam, mas em um outro programa habitacional”, comentou o parlamentar.
Tem mais. Segundo Mineirinho, o espaço cedido para ser feito o condomí- nio deveria ser uma creche. “Desde 2016 estava previsto que teríamos uma creche nesse local e vamos cobrar explicações dos motivos que provocaram essa mudança. No mais, estamos solidários aos moradores que estão se preocupando com essa obra”, disparou.
Em contato com o aQui, uma moradora do bairro – pedindo para não ser identificada – disse que o medo é que o local passe a ser comandado pelo tráfico de drogas, como acontece em diversos outros condomínios do ‘Minha Casa, Minha Vida’. “A gente recebe muitos relatos de moradores dos predinhos do Roma, do São Sebastião e de Três Poços de que esses locais são dominados por traficantes, a população sofre acuada. Tem locais onde nem Uber pode entrar, nada. Não queremos isso aqui perto de nossas casas”, pontuou.
Hoje, segundo dados oficiais, Volta Redonda conta com 2,3 mil unidades do ‘Minha Casa, Minha Vida’. Os apartamentos estão distribuídos em oito condomínios que ficam no Santa Cruz, que tem dois conjuntos; na Candelária; no São Sebastião; no Roma; no Jardim Cidade do Aço; Três Poços; e Belmonte, que ainda receberia esse novo empreendimento.
“Entendo a importância de iniciativas que visam proporcionar moradia digna para a população. No entanto, acredito que a construção deste empreendimento aqui pode trazer impactos negativos significativos”, disse a moradora, ressaltando alguns pontos de preocupação: falta de infraestrutura adequada para suportar um aumento populacional, a sobrecarga dos serviços públicos já existentes (como saúde e educação). “E principalmente a segurança local. Infelizmente, nós não temos boas referên- cias nesse tipo de moradia…”, completou.
O caso chegou à Câmara de Volta Redonda. E em sessão extraordinária realizada na terça, 23, diversos vereadores trataram do tema. Detalhe: todos da base aliada do prefeito Neto, como Renan Cury (PP), Lela (PSD) e Edson Quinto (PL). “Para se fazer um empreendimento como este, tem que haver uma estrutura logística do próprio bairro. Como estrutura elétrica, abastecimento de água e coleta de esgoto. Tem que saber se o posto de saúde está atendendo bem, se tem creche, transporte público, entre outros”, disse Edson Quinto, presidente da Câmara.
“O empreendimento é importantíssimo, vários bairros têm esse projeto. E a maioria da população que mora nes- ses locais é do bem, precisa de moradia. Mas é preciso ter toda uma estrutura no bairro para receber mais moradores”, completou Quinto. “Aquele terreno havia sido destinado para construção de uma creche. A mim, muito me surpreendeu essa obra. Fui questionado por moradores sobre essa construção. Essa decisão de erguer o condomínio não passou pela Câmara de Vereadores, nós não fomos consultados”, completou.
Obra suspensa
Na manhã de quinta, 25, o prefeito Neto esteve com representantes da Caixa Econômica, com a empresa responsável pelas obras e mais alguns vereadores. No encontro, ficou decidido que as obras ficariam suspensas. “Hoje, o prefeito nos comunicou que temporariamente as obras de construção do ‘Minha Casa, Minha Vida’ no Belmonte estão suspensas. Ganhamos uma luta, mas não a guerra. Queremos ainda alguma garantia do prefeito Neto de que essa obra não será realizada no bairro”, avaliou Mineirinho.
