A morte de duas mulheres de Piraí, avó e neta – assassinadas a tiros, na estrada que liga o município a Passa Três, distrito de Rio Claro -, está envolta em um grande mistério. Digna de um Globo Repórter. As vítimas, identificadas como Rozilda Silva Cambraia, de 93 anos, e Priscila Silva Cambraia, de 45 anos, teriam sido supostamente assassinadas por Leonar- do de Mendonça, 34 anos, que trabalhava para a família como caseiro e que, segundo a polícia, teria tentado suicidar-se após ter atirado nas duas mulheres. Só que ele não morreu e, até a manhã de quinta, 15, continuava internado em estado grave no Hospital Flávio Leal, e não em Barra Mansa, como alguns jornais chegaram a noticiar.
Esperava transferência para o Hospital Alberto Torres, em Niterói.
A princípio, Leonardo teria disparado um tiro no peito de Rozilda e cinco em Priscila, sendo que três disparos teriam atingido as costas dela e os outros dois, o braço. O caseiro, supostamente, logo a seguir teria dado um tiro no próprio pescoço, tentando suicídio. Ele não morreu e foi levado para o hospital de Piraí, onde aguarda transferência.
Só que, pelo que o aQui descobriu, a história pode ser diferente. Bem diferente. Segundo uma fonte, surgiram muitos detalhes do crime, e eles não batem com a história que chegou à imprensa. Primeiro, a arma encontrada a alguns metros do corpo do caseiro seria uma 9mm, que não seria comum a uma ‘pessoa da roça, bronca como o caseiro’. “Uma arma dessas não combina com ele, pessoa simples, gente do mato”, dispara a fonte. “Se fosse um revólver, até poderíamos aceitar como sendo dele”, acrescentou.
Pedindo para não ser identificada, a fonte revela outro detalhe, um dos mais importantes. O rosto do caseiro não apresenta resquícios de pólvora, o que poderia confirmar a tese do suicídio. “O rosto dele está desfigurado. O tiro deve ter sido dado de cima para baixo. A bala entrou pela testa e saiu pelo queixo. Destruiu o rosto dele, destruiu a mandíbula”, detalhou, garantindo que Leonardo estava à espera de uma transferência do Hospital Flávio Leal, de Piraí, para uma unidade especializada em recomposição da face. “Depende da regulação do Estado”, explicou, referindo-se à demora na transferência do suspeito. “No Hospital São João Batista, em Volta Redonda, não tinha vaga. Ele vai ter que esperar a transferência, pois seu estado é grave”, completou na noite de terça, 12, quando fez contato com o aQui.
A fonte vai além. Lembra que o corpo de Leonardo foi encontrado na entrada do Restaurante Quinta do Lago, localizado na fazenda da família morta a tiros. E a arma (9mm) que ele supostamente teria usado para tentar suicidar-se teria sido encontrada a alguns metros do corpo. “A impressão que fica é de que tiraram ele de dentro da casa, o obrigaram a ajoelhar-se e o executaram com um tiro–de cima para baixo”, disse.
A tese foi confirmada por quem viu Leonardo dar entrada no Hospital Flávio Leal. “O
trajeto da bala não é de quem atirou no rosto para se matar. Foi dado de cima para baixo, como em uma execução”, contou. “Se o caseiro se recuperar, ele poderá contar a verdadeira história”, pontuou.
Sexual
Há quem, em Rio Claro, também apresente uma versão de que as duas mulheres assassinadas teriam sido vítimas de estupro. “Acharam a menina (Priscila) com as calças arriadas. E a avó (Rozilda), que era acamada, estava com a fralda aberta”, contou uma testemunha, evitando fornecer seu nome. “Isso tudo pode ser armação contra o caseiro. Pegaram ele como bode expiatório”, afirmou, acreditando que o crime possa ter sido cometido por uma ou mais pessoas. E não pelo caseiro.