VOLTA REDONDA
Domingo, dia 1° de setembro, a delegada Juliana Domingues, expôs que era vítima de agressões dentro da própria casa quando ocupou a da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) de Volta Redonda. O relato aconteceu durante o programa Fantástico, da Rede Globo. Ela denunciou o ex-companheiro, que é tenente-coronel da Polícia Militar. Atualmente é coordenador de segurança do Tribunal Regional Federal do Rio.
Ela contou que as agressões ocorreram quando estava à frente da Deam do Sul Fluminense, entre 2021 e 2022, afirmando que apanhava de cinto. Na entrevista, Juliana disse que por vários momentos, era obrigada a ‘contar as cintadas’ e que chegou a ser agredida no rosto na frente do filho. Que como delegada, chegou a se questionar como isso foi acontecer logo com ela, sentindo vergonha. Também contou que o próprio agressor falava isso para ela: ‘Eu bato na delegada da Deam. E o que você vai fazer?’”, relata.
Durante a entrevista, Juliana narrou que as agressões começaram na lua de mel e que o companheiro apresentava ciúme excessivo, principalmente quando ela estava trabalhando. Que nessas ocasiões, ele obrigava que ela ficasse durante os plantões com sua localização ligada em tempo real.
A delegada relatou ainda que além das agressões físicas e psicológicas, foi obrigada a manter relação sexual não consensual com o então companheiro. Que após o fato, decidiu procurar uma delegacia e fazer a denúncia, passando por exames de corpo de delito. Foi apontado hematoma na região malar, ou seja, na maçã esquerda do rosto, um segundo hematoma no glúteo e uma escoriação compatível com unhadas.
Testemunhas foram ouvidas, entre elas funcionárias, confirmando que Juliana apresentava marcas de violência física com frequência. O ex-marido também foi ouvido, dizendo que tinha o hábito de usar cintos e outros instrumentos durante as relações, mas que era uma prática da vontade dos dois e que era tudo consentido.
Ele em agosto do ano passado, foi denunciado pelo Ministério Público do Rio por dois estupros contra Juliana, por lesão corporal e violência psicológica. A Justiça aceitou a denúncia, e a primeira audiência está marcada para este mês. Procurado pela equipe do programa, não se manifestou sobre o caso.
Ao final da entrevista, Juliana disse que: “enfrentei toda minha vergonha, na qualidade de delegada que trabalha com isso, de expor como eu estou expondo que fui vítima disso. Quando eu comecei a ver que o que estava acontecendo comigo estava atingindo os meus filhos, isso me tocou muito”, contou ao Fantástico. “Eu acho importante dividir a minha história, justamente porque eu sei que, infelizmente, muitas mulheres estão passando pelo que eu passei, com medo e vergonha. Eu quero dizer pra elas que elas não se sintam assim. Que existe ajuda, rede de apoio, e que elas têm que ter força de vontade para sair dessa situação”, concluiu a delegada.
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