Abaixo-assinado pede saída de diretora de tradicional escola de VR

Por Mateus Gusmão

Um dos estabelecimentos de ensino mais tradicionais de Volta Redonda, o Colégio Nossa Senhora do Rosário enfrentou momentos difíceis na última semana. Até uma manifestação, organizada por responsáveis por alguns alunos, chegou a ser marcada para reivindicar a saída da atual diretora, Lija Maria Teodoro. Tem mais. Um abaixo-assinado endossou o pedido de demissão da diretora. O documento on-line já conta com mais de mil assinaturas. A diretora do Rosário está afastada após ter apresentado uma licença médica de duas semanas.
O quiproquó começou na segunda, 2, com um depoimento divulgado por Luciane Missel, mãe de um aluno do Rosário. Em um grupo de WhatsApp, formado por mães de alunos da escola, ela começou escrevendo que tem um filho de seis anos, diagnosticado em 2020 com TEA (Transtorno do Espectro Autista). “Hoje, estou aqui para compartilhar algo muito difícil que aconteceu com meu filho Pedro, de 6 anos. Durante uma brincadeira de pique-pega na escola, ele teve o que muitos chamaram de “ataque de fúria”. Sei que, para a maioria das crianças, é apenas uma brincadeira comum, mas para o Pedro, isso desen- cadeou uma reação que muitos não conseguem entender”, destacou.
Recentemente, segundo Luciane, ela descobriu que o menino teve uma
perda auditiva profunda no ouvido esquerdo. “Isso trouxe uma enorme culpa por não termos percebido antes, mas também nos fez entender melhor o atraso na fala, e também o diagnóstico precipitado de TEA”, disse. “Estou compartilhando tudo isso com vocês para que entendam as muitas superações e desafios que meu filho já enfrentou e ainda enfrenta”, completou.
Luciane, ao buscar o filho na escola na segunda, 2, relatou que teve uma surpresa desagradável. “A diretora Lija estava segurando meu filho e, ao vê-lo, disse a ele que ‘não gostava mais dele’. Quando cheguei, ela afirmou que não queria mais Pedro na escola e que, se eu não o retirasse imediatamente, chamaria a polícia”. Pior. “Ela exigiu que amanhã (terça) ele só poderá entrar na escola se eu apresentar um novo laudo médico. Mesmo com o laudo, ela ainda disse que ele só poderia frequentar a escola em período reduzido e que eu deveria medicá-lo, afirmando que ele ‘não é normal’. No entanto, os médicos que o acompanham nunca recomendaram medicação, e eu sempre segui todas as orientações deles”, comentou a mãe de Pedro.
Após sair da escola, Luciane levou o filho a um hospital. “Onde ele passou por um exame de corpo de delito (BAM). A avaliação médica constatou que ele apresentava arranhões, hematomas e sinais de compressão, o que só aumentou a minha preocupação e dor como mãe. Esse exame está sendo anexado não apenas como um relato de mãe desesperada, mas como uma prova médica daquilo que ele sofreu”, desabafou.
“Não estou aqui apenas como mãe desesperada, mas como alguém que quer garantir que meu filho não seja tratado de forma injusta e discriminatória. Estou implorando pelo apoio de todas vocês para que essa situação não passe impune. Sei que muitos dos filhos de vocês têm um carinho especial pelo meu filho, e peço, de coração, que nos ajudem a garantir que ele receba o tratamento justo e digno que merece”, concluiu, emocionada.
Diante do acontecido, uma manifestação foi marcada, mas a diretora Lija já não foi encontrada na unidade escolar. O motivo: teria pedido licença médica por duas semanas. A escola agora está sendo comandada pelas freiras da Congregação das Irmãs Escravas do Divino Coração. Algumas mães, inclusive, já foram convidadas a irem à escola para conversar com as freiras da congregação e tratar do assunto.
O abaixo-assinado pela demissão da diretora pode ser acessado através do link www.change.org/p/zx- 830ce57d-aa70-4c3e- a89a-4ed2b9cb671e). O documento conta com 1.026 assinaturas e mais de 250 comentários. Em um deles, uma internauta resumiu a situação do Colégio Rosário. “Depois que as irmãs deixaram a direção do Rosário, foi tudo piorando. Como podem colocar uma pessoa despreparada para dirigir o colégio mais antigo da cidade. Espero que isso não fique impune. Ela precisa pagar por esse crime”, disparou.

NOTA DA REDAÇÃO: O aQui tentou contato com a diretora Lija Teodoro, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para devidos esclarecimentos. O Colégio Nossa Senhora do Rosário enviou uma nota oficial sobre o assunto. Confira ao lado, na íntegra.

Comunicado Oficial

Senhores Pais, Responsáveis e Comunidade Educativa

Durante os 69 anos atuando na área educacional em Volta Redonda, o Colégio Nossa Senhora do Rosário sempre primou pelo desenvolvimento integral de todos os educandos em parceria com as famílias.
A Congregação das Escravas do Divino Coração/ Colégio Nossa Senhora do Rosário, vem esclarecer a todos, pais, alunos, educadores, população em geral sobre o fato ocorrido com um aluno em 02/09/2024. Informamos que todos os profissionais que o atenderam, incluindo a diretora, agiram de forma a preservar sua integridade e segurança física. Em nenhum momento houve qualquer episódio de violência. O aluno está frequentando o Colégio normalmente e a família está sendo devidamente atendida.
A Congregação nomeou a diretora Lija em razão de sua preparação acadêmica, sua experiência na área educacional, sua conduta ética, seu longo histórico como educadora na“comunidade de Volta Redonda, e por ser pessoa de confiança da Instituição durante os 15 anos trabalhados como Orientadora Educacional e Pedagógica no Colégio Nossa Senhora do Rosário.
A Congregação sempre esteve aberta ao diálogo construtivo, à ética, sendo transparente em suas ações e tendo como objetivo atuar de forma responsável e dentro das normas legais.“Contamos com o respeito de todos os pais e comunidade educativa para que possamos trabalhar no processo educacional com a tranquilidade que os alunos merecem.

Volta Redonda, 6 de setembro de 2024

 

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