O grupo investigado pela Polícia Federal por disseminação de fake news nas eleições municipais no estado do Rio de Janeiro, agia em cidades do Sul Fluminense. De acordo com as investigações, os suspeitos atuavam em 13 cidades do estado, dentre as quais Itatiaia e Paraty. Também constam nas investigações atuações em Paracambi, Miguel Pereira e Itaguaí, entre outras. A maior parte dos investigados é de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Os quatro mandados de prisão expedidos pelo juiz Bruno Rulière, da 8ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, foram cumpridos, assim com 15 autorizações de busca e apreensão. A identidade dos presos não foi divulgada. A PF apreendeu R$ 188,3 mil em espécie, três carros blindados, celulares, ?dispositivos eletrônicos, mídias de armazenamento e diversos ?documentos.
Denominada Teatro Invisível, a operação investiga uma organização criminosa que, segundo a PF, propagava informações e notícias falsas sobre candidatos e influenciou disputas nas 13 prefeituras desde 2016, portanto, em três eleições. A ação teve a participação do Ministério Público Eleitoral.
Como funcionava – As investigações revelaram uma suposta organização criminosa que desenvolveu “um sofisticado e lucrativo esquema baseado na contratação de pessoas com o objetivo de influenciar no processo eleitoral de diversos municípios”. Tais contratados, de acordo com a PF, após receberem as instruções dos coordenadores acerca da propagação de notícias falsas sobre um determinado candidato a prefeito, passavam a circular diariamente pelo município alvo, se infiltrando em locais com aglomerações de pessoas, como pontos de ônibus, padarias, filas de bancos, bares e mercados, difundindo aos eleitores falsas afirmações, no intuito de beneficiar o candidato para o qual o serviço criminoso fora contratado.
Foi apurado, ainda segundo a PF, que os atores contratados, propagadores das informações falsas, recebiam R$ 2 mil por mês para exercer tal função, e que os coordenadores da empreitada recebiam dos líderes a quantia mensal de R$ 5 mil, além de serem contratados pela própria com o cargo em disputa.
“No ano eleitoral, quando o esquema entrava em vigor, os coordenadores eram exonerados de seus cargos e substituídos por ‘laranjas’ – possíveis funcionários fantasmas –, a fim de manter o ‘direito’ sobre eles”, detalhou a PF. A “campanha” de propaganda criminosa possuía um processo de aferição de resultado incluído no seu planejamento, através da elaboração de relatórios diários das atividades, com a especificação da quantidade de eleitores abordados por dia, número de votantes em cada candidato e o total de eleitores convertidos para o candidato beneficiário do esquema criminoso.
Os autores dos fatos são investigados por organização criminosa, desvio de funcionários públicos para a atuação no grupo criminoso, utilização de “laranjas” para burlar incompatibilidades com o exercício da função pública, lavagem de dinheiro, constrangimento ilegal de servidores (assédio eleitoral), bem como os tipos penais ligados à difusão de notícias falsas e/ou desinformação, previstos no Código Eleitoral. (Fotos: Polícia Federal)