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Abortivos podem ser comprados pela internet e entregues no Sul Fluminense

Os moradores do Sul Fluminense ficaram chocados na segunda, 11, com a prisão de uma técnica de enfermagem, de 31 anos, apontada como a maior distribuidora de medicamentos abortivos no estado do Rio. Ela foi detida em Volta Redonda. Segundo
a Polícia Civil, mais de 600 abortos ilegais teriam sido realizados com o uso das pílulas fornecidas, supostamente, por ela. As investigações foram feitas por policiais da delegacia de Porto Real e começaram há cerca de 60 dias, quando uma mulher procurou a DP para denunciar que a filha havia tomado o medicamento, adquirido pela internet e enviado pelos Correios. O ‘xis’ da questão é que, mesmo após a prisão da técnica de enfermagem, medicamentos abortivos continuaram sendo vendidos livremente pelas redes sociais, inclusive com entregas  garantidas nas cidades da região. O aQui, por exemplo, chegou a fazer contato com um vendedor que faz entregas de ‘Cytotec’ no Rio de Janeiro e envia o medicamento via Sedex para todo o Sul Fluminense. A negociação pode ser feita livremente pelo site chamado cytotecvoltaredonda.blogspot.com. “Navegando pelo nosso site vc encontra como comprar cytotec o modo de uso do remédio assim como fotos cytotec atualizadas e contato para efetuar a compra”, divulga o site, fornecendo um número de WhatsApp e um e-mail para quem quiser adquirir o medicamento.
A reportagem do resolveu fazer contato com o site através do aplicativo de mensagens. E depois de enviar apenas um bom dia, em questão de minutos, obteve uma resposta questionando se o interesse seria no ‘remédio’. “Me fala o tempo gestacional, e tudo bem se vc não tem certeza (sic), se me dizer (sic) a data da última menstruação tbm ajuda caso não saiba o tempo gestacional, ou quantos comprimidos vc precisa. vou te passar as informações”, foi a resposta, usando linguajar típico das redes sociais. Sem pontuação, cheio de erros. A reportagem respondeu que o assunto seria, sim, a necessidade de se adquirir o Cytotec e que o tempo gestacional seria de cerca de oito semanas. “Recomendo 8 comprimidos pra resolver. Ficam por R$ 880. Estamos no Rio de Janeiro agora e vc?”, indagou o vendedor do medicamento, encaminhando uma foto de diversos comprimidos de Cytotec, um bilhete com a data de quarta, 13, e uma caixa dos Correios. O aQui respondeu ao vendedor que não estava no Rio de Janeiro e, sim, em Barra Mansa.
O vendedor ofereceu, então, duas soluções para a entrega do medicamento. “Podemos te entregar pessoalmente aqui na Rodoviária Novo Rio (que fica na capital) ou se preferir posso te mandar pelo Sedex”, disse, ressaltando que, se enviasse pelos Correios, o medicamente seria entregue no dia seguinte.
E questionou qual seria a melhor forma de pegar o remédio. O aQui, então, encerrou as negociações, bloqueando o contato. Para chegar a ele o aQui precisou apenas de uma rápida pesquisa na internet. E poderia ter adquirido – com muita facilidade – o medicamento, que não é vendido em farmácias, tendo seu uso exclusivo em hospitais com acompanhamento médicos. Vale lembrar que a legislação brasileira proíbe o aborto há mais de 80 anos. No Brasil, ele só é permitido nos casos em que a gravidez é decorrente de estupro, quando há risco à vida da gestante ou quando há um diagnóstico de anencefalia do feto.

Prisão em Volta Redonda
A prisão da técnica de enfermagem em Volta Redonda, na segunda, 11, tida como a maior distribuidora de medicamentos abortivos no estado do Rio, aconteceu quando a moça enviava 21 encomendas em uma agência dos Correios da cidade do aço. Na casa dela, foram apreendidos 819 comprimidos e 511 envelopes vazios (ou seja, 5.110 comprimidos já distribuídos, segundo a Polícia Civil). Após o envio, a suspeita dava o prazo de até 1 mês para que o aborto acontecesse e era necessário o uso de, aproximadamente, sete comprimidos. Segundo o delegado da 100a Delegacia de Polícia, responsável pela investigação, Michel Floroschk, a técnica de enfermagem utilizava as redes sociais para anunciar o produto abortivo e garantia que enviava o medicamento para o Brasil inteiro. “Além do crime contra saúde púbica, decorrente da prisão em flagrante na data de hoje, ela também será responsabilizada pelos abortos cometidos. E será responsabilizada por cada aborto praticado, porque ela prestou auxílio material para que os abortos fossem praticados”, concluiu o delegado.

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