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Ânima Educação diz mirar mercado de R$ 100 bilhões com ensino ampliado

A nova CEO da Ânima Educação, Paula Harraca, que assumiu a posição em junho deste ano, anunciou a expansão da empresa num mercado ampliado, de R$ 100 bilhões, e detalhou aos analistas as vias de crescimento da companhia.

A Ânima pretende ir da educação superior, área que movimenta R$ 50 bilhões ao ano, para uma que envolve educação continuada, executiva e B2B. Paula também comentou sobre o fortalecimento de todas as frentes de negócios, incluindo a Inspirali, rentável vertical de medicina.

O anúncio das metas da empresa e apresentação de indicadores ocorreu na última quarta-feira (27) durante evento em prédio da Universidade Anhembi Morumbi (UAM), uma das 25 marcas da Ânima, no bairro da Mooca, em São Paulo.

Repercussão 

Os analistas leram com bons olhos a apresentação da CEO, apesar de destacarem a falta de prazo para o objetivo.

“A empresa expressou confiança de que o crescimento orgânico da linha superior melhorará, impulsionado por uma nova estratégia comercial projetada para alavancar seu forte portfólio de marcas e, ao mesmo tempo, respeitar a dinâmica regional”, escreveram os analistas do BTG Pactual.

“Sem detalhar um cronograma específico, a Ânima acredita ser possível dobrar de tamanho.”, completaram.

O Santander teve uma leitura parecida. “No geral, foi um evento qualitativo para mostrar o forte portfólio de marcas da Anima e o potencial para continuar crescendo o negócio por meio de diferentes segmentos”, escreveram Caio Moscardin e Karoline Silva Correia, analistas do Santander.

Para impulsionar o movimento planejado, estão sendo feitas campanhas regionais de fortalecimento das marcas bastante específicas, com um pool de dez agências de publicidade, sobretudo no interior do Brasil.

Também o fortalecimento da área médica sob a Inspirali, que há tempos nutre um plano de IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês).

“O mercado está num momento difícil para se pensar nessas questões, mas os planos de crescimento estão bem consolidados em diferentes frentes”, diz Paula.

“Como diz meu amigo (e técnico de vôlei) Bernardinho, ‘a vontade de se preparar tem de ser maior do que a de vencer’. É o que estamos fazendo.”

“É um ponto de partida totalmente diferente”, acrescentou a CEO. “A gente amplia o escopo e abre os dois olhos para o mercado de educação e não apenas de ensino superior.”

Resultados da empresa

Estavam na apresentação de quarta-feira, entre outros indicadores, 11 trimestres de ganhos de margem, após o baque da pandemia.

Além disto, foi apresentando o crescimento da geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 50,5% em dois anos e recuo da desalavancagem de 4,1 vezes, no quarto trimestre de 2022, para 2,71 vezes, no terceiro trimestre deste ano.

Mesmo assim, a Ânima, que teve receita líquida de R$ 3,7 bilhões no ano passado, com quase 400 mil alunos, não tem visto reação por parte dos investidores.

Os papéis da empresa perderam 1,57% de valor em novembro, 35,97% no ano e 37,41% em 24 meses. Seu valor de mercado atual, de R$ 1 bilhão, é de cerca de um terço de seu patrimônio líquido.

Trajetória da Ânima e nova CEO

Há dez anos, um grupo de analistas de bancos trocou a Faria Lima por bibliotecas em campi da Ânima Educação.

Na última quarta-feira, Paula Harraca, que assumiu a companhia em julho, realizou a primeira apresentação comandada por alguém de fora do grupo de controle.

O evento ocorreu na antiga fábrica da Alpargatas na Mooca, em São Paulo, prédio de uma das 25 marcas da Ânima, a Universidade Anhembi Morumbi (UAM).

A CEO da Ânima possui o desafio não só de fazer a companhia crescer em diferentes frentes como tentar chamar a atenção de um mercado arredio para o grupo.

“De alguma maneira, o grande desafio é valorizar uma empresa, num setor desvalorizado como outros tantos”, diz ela. “Temos vários desafios externos, que vão de bets à inflação, desequilíbrio fiscal e juros altos, mas o que mostramos não é desprezível.”

Com trajetória na indústria do aço e 20 anos na Arcelor Mittal, Paula chegou à Ânima após passar pelo conselho consultivo da mineira Una, a primeira marca adquirida pela empresa.

No início deste ano, passou ao comitê de auditoria e risco do grupo e foi anunciada, em junho, presidente executiva da companhia.

Os primeiros meses de sua gestão foram dedicados a visitar unidades e a ouvir conselheiros, acionistas, corpo docente e alunos.

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