Serão expostas, na Sapucaí, peças publicitárias da campanha “Feminicídio Zero – Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada”, como painéis, faixa na avenida e distribuição de materiais gráficos
A mobilização nacional pelo Feminicídio Zero chegou ao Carnaval do Rio de Janeiro e impactará cerca de 5 milhões de espectadores no Sambódromo da Sapucaí. A ação foi lançada na sexta-feira, 7 de fevereiro, na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, com a parceria do Ministério das Mulheres, Ministério da Saúde (MS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).
Durante o período do Carnaval, inclusive nos dias de ensaios técnicos, estarão expostas as peças da campanha “Feminicídio Zero – Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada”, com painéis, faixa na avenida carregada por mulheres, adesivos nas portas dos banheiros e distribuição de materiais gráficos.
No evento de sexta, que marcou o início da mobilização nacional pelo feminicídio zero no Carnaval, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, enfatizou que o período de festas trará maior visibilidade para a campanha de enfrentamento à violência contra meninas e mulheres. “No Carnaval, não estaremos apenas na Sapucaí, estaremos nas quadras das escolas de samba, conversando com a comunidade, com as pessoas que produzem essa grande festa, sobre a importância de eliminar a violência contra as mulheres”, disse.
A ministra destacou que a intenção é transformar o Carnaval em um momento não apenas de celebração, mas também de reflexão, incluindo os homens. “Queremos, junto com as escolas de samba e com a população, mudar a realidade do Brasil, que ocupa o quinto lugar no ranking mundial de feminicídio”, afirmou Cida.
MENSAGENS — As mensagens da campanha lembram que o Carnaval é um momento de festejar, livre de assédio, e que enfrentar e interromper a violência contra a mulher é papel também dos homens. Outro destaque da campanha é reforçar, em todas as peças, a divulgação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, disponível também no WhastApp (61) 9610-0180.
O Feminicídio Zero é uma mobilização nacional permanente do Ministério das Mulheres. A articulação envolve diversos setores do país, a partir de diferentes frentes de atuação — comunicação ampla e popular, implementação de políticas públicas e engajamento de influenciadores.
SALA LILÁS — A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou a necessidade de um acolhimento especializado, como o das Salas Lilás, para as mulheres vítimas de violência. Para ela, enfrentar a violência contra a mulher é uma questão de saúde pública e deve ser somada à prevenção.
“Mas não cabe só a nós, que trabalhamos na saúde, no SUS, lidar com o impacto da violência. Nós falamos muito sobre as Salas Lilás, sobre o acolhimento que devemos dar à mulher, mas o papel da saúde é também se somar à prevenção. Então, não queremos ter necessidades de novas salas de atendimento”, defendeu.
Promulgada em abril de 2024, a Lei nº 14.847/24 determinou que mulheres vítimas de qualquer tipo de violência sejam acolhidas e atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS), em um ambiente que garanta privacidade e restrição do acesso, em especial do agressor ofensor.
Entre as principais características que a construção e a operacionalização que esses espaços devem ter está a determinação de um ambiente reservado e com sinalização discreta. Também há previsão de investimento nesses espaços por meio do Novo PAC: mais 16 maternidades e 22 Centros de Parto Normal com Salas Lilás.
MULHERES NEGRAS — A ministra da Igualdade Racial (MIR), Anielle Franco, participou do lançamento e afirmou que as mulheres negras são as principais vítimas da violência. “Esse tema mexe especialmente com nós, mulheres negras, maioria das trabalhadoras do Carnaval e que, como mostrado pelos números, somos as mais vulneráveis à violência”, afirmou a ministra Anielle. “Por isso é muito importante que estejamos todas reunidas aqui, lançando essa campanha fundamental e permanente. Não vamos aceitar nenhuma vida a menos”, acrescentou.
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, também ressaltou o compromisso da fundação pública na luta contra a violência contra as mulheres. Ele destacou que o período do Carnaval é uma grande oportunidade para trazer esse debate. “O Carnaval é uma potência cultural, uma festa nacional e também uma oportunidade importante de trazer para o debate nacional a questão da violência contra as mulheres. Os números assustam e são inadmissíveis”, salientou Moreira.
SAMBA — Gabriel David, presidente da Liesa, definiu o lançamento da campanha como um “marco para o Carnaval”. “Tenho certeza que existem poucas organizações no Brasil como as escolas de samba com potencial tão grande de comunicar algo tão importante para a sociedade”, afirmou Gabriel.