O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) lançou, nesta segunda-feira (17), o Sistema de Previsão de Risco de Deslizamentos de Terra, o GeoRisk.
Em desenvolvimento desde 2019, o sistema visa prever situações com potencial de desencadear deslizamentos de terra com antecedência de até 72 horas.
Atualmente, o Cemaden monitora 1.133 municípios que, proporcionalmente, representam cerca de 60% da população brasileira.
Os alertas do órgão são enviados aos sistemas de Defesa Civil — tanto municipais e estaduais, como a Defesa Civil Nacional –, para que eles tomem respostas diante dos riscos.
Sistema
A apresentação sobre o GeoRisk, em cerimônia na sede do Cemaden, em São José dos Campos (SP), coube a Pedro Ivo Camarinha, especialista em geodinâmica e geologia de desastres do órgão.
De maneira geral, o novo sistema opera com a análise de inteligência artificial, diante de uma base de dados composta por informações de características geológicas e histórico de desastres em regiões monitoradas e pelos resultados gerados pelos modelos meteorológicos utilizados pelo Cemaden.
“A ideia é equacionar tudo isso para uma entrega única”, afirmou o especialista.
De acordo com Camarinha, o novo sistema, em testes, foi capaz de detectar:
- 13% a mais de riscos de deslizamentos de terra;
- reduzir os falsos alertas de risco em 3%;
- aumentar em 17% a taxa de acerto do órgão (quando o risco se transforma, de fato, em deslizamento).
A ideia é que as previsões que se confirmem sirvam de aprendizado para o sistema se autocalibrar.
Previsão
Um exemplo utilizado na explicação foram os deslizamentos no Litoral Norte de São Paulo, especialmente em São Sebastião, em fevereiro de 2023.
Mesmo ainda “não tão bem calibrado como hoje”, pontuou Camarinha, o GeoRisk sinalizava desde o dia 16 daquele mês a possibilidade de deslizamentos generalizados entre a Baixada Santista e o Litoral Norte.
No dia 18, o sistema apontou o maior risco de deslizamento de terra de sua história laboratorial, prevendo uma chuva de 472 mm e 94% de chance de deslizamentos generalizados.
Na época, baseando-se nos modelos vigentes, o Cemaden alertou o governo de São Paulo cerca de 48 horas antes do desastre, que se confirmaria no dia 19, deixando 65 mortos.
“Muitas soluções contra eventos extremos (pelas mudanças climáticas) vão demorar para acontecer”, afirmou Camarinha, citando questões como obras estruturais e ações contra vulnerabilidade de áreas de risco.
“Sistemas como esse, enquanto isso, já vão funcionando no curto prazo”, disse. “Se uma vida for salva, já vale nossa carreira inteira”, acrescentou.
Representando a Esplanada dos Ministérios, estiveram presentes em São Paulo: Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), titular da pasta a qual o Cemaden está subordinado, e Jader Filho (Cidades).