O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse nesta terça-feira (18) que a oposição ao Poder Executivo é fundamental, e que ela existe para “ajudar a governar”.
A declaração foi feita durante o Encontro Mato-grossense de Municípios, em Cuiabá, promovido pelo Tribunal de Contas do estado.
“A oposição no sistema democrático é fundamental, porque a oposição evita que haja uma concentração de poder, que haja um autoritarismo. A oposição é fruto da democracia, para ter um lado que não seja o lado da situação. Existe a oposição na democracia para ajudar a governar”, disse Temer.
De acordo com ele, esse é o “sentido constitucional”, mas o “sentido político” é o que é utilizado.
“Eu sou obrigado a dizer, pelo histórico do Brasil, que não é esse o sentido que se toma de oposição, esse é o sentido constitucional. Mas o sentido que se utiliza é um sentido político. Ou seja, se eu perdi a eleição, eu tenho que destruir aqueles que ganharam a eleição e isso é incompatível com a democracia“, continuou o político do MDB.
Harmonia entre os Poderes e “guerra” de classes
Temer também comentou sobre a relação entre os poderes Executivo e Legislativo e os conceitos de esquerda e direita no Brasil. Segundo o ex-presidente, é um equívoco afirmar que a direita é contra o pobre, assim como a esquerda, a favor.
“Muitas e muitas vezes se diz que quem é da chamada direita é contra o pobre, e quem é da chamada esquerda é a favor do pobre, isso é um equívoco”, declarou. “Esses conceitos, são conceitos eleitoreiros. Aqui no Brasil, estabelecemos muito uma guerra entre o empregado e o empregador”.
Ainda segundo ele, ambas as ideologias foram “inteiramente superadas” após a queda do muro de Berlim em 1989. Já em relação a dois dos Três Poderes que compõem o espectro político do país, o antigo chefe do Executivo comentou sobre limites do presidente da República e a necessidade de uma harmonia conjunta.
“Muitas vezes se acha que o presidente pode tudo fazer, ele não pode”, declarou o político do MDB. “Quem governa o país é o Executivo, juntamente com o Legislativo. Essa interação é fundamental, por uma razão também de natureza constitucional”, completou.
“Do instante que vejo o país, poderes litigando entre si, os órgãos do poder muitas vezes litigando entre si”, disse. “Essa equação de uma harmonia dos poderes é que tem que ser levada em conta”, ressaltou.