O Fundo Monetário Internacional permanecerá “focado” na prevenção de crises de balanço de pagamentos e incorporará as preocupações do governo dos Estados Unidos em suas políticas, mas continuará apoiando os países afetados pelas mudanças climáticas, disse a diretora-gerente, Kristalina Georgieva, nesta quinta-feira (24).
Georgieva disse em uma coletiva de imprensa durante as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial que as diretrizes do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, serão discutidas com representantes dos 190 membros do Fundo.
Bessent pediu na quarta-feira que o FMI e o Banco Mundial voltassem a se concentrar em suas missões principais de estabilidade macroeconômica e desenvolvimento, dizendo que eles haviam se desviado demais para questões como mudança climática, gênero e inclusão, o que reduziu sua eficácia.
As prescrições de Bessent estão alinhadas aos esforços do governo Trump para reverter as políticas do governo Biden sobre questões climáticas e de gênero e também incluem um pedido de ampliação dos empréstimos de energia do Banco Mundial para combustíveis fósseis e energia nuclear.
O chefe do Tesouro, que controla a cota dominante dos EUA em ambas as instituições, também disse que Georgieva e o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, precisam ganhar a confiança do governo Trump implementando políticas de “volta ao básico”.
Georgieva disse que, em alguns casos, as mudanças climáticas afetam a política macroeconômica.
“As pessoas acham que temos especialistas em clima. Não temos. Esse não é o nosso trabalho”, disse ela sobre o FMI. “Nosso trabalho é dizer: ‘Ok, se você é Dominica e um furacão pode destruir o equivalente a 200% do seu PIB, quais são as políticas razoáveis a serem implementadas?”
Perguntada se o FMI iria agora repensar seu mecanismo de financiamento lançado em 2022 que ajuda os países a lidar com as mudanças climáticas, pandemias e outros desafios crônicos, Georgieva disse que esse empréstimo é uma parte “realmente pequena” do financiamento total do FMI.
O FMI também é uma organização de membros e, em última instância, eles decidirão suas políticas, acrescentou.
Ela disse que concorda com o pedido de Bessent para que as duas instituições sejam eficientes em termos de custo, dizendo que, em termos reais, ajustados pela inflação, o orçamento do FMI não mudou em 20 anos.
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