12/05/2025 16:34

Nó na garganta – Jornal Aqui

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Flores, cartões, almoços especiais. A cada segundo domingo de maio, o Brasil se enche de homenagens às mães. Mas, por trás do brilho das vitrines e das campanhas emocionantes, há quem encare o Dia das Mães com um nó na garganta. Para muitas pessoas, a data não traz aconchego, mas sim um espelho doloroso de perdas, ausências ou vínculos partidos. A dor pode vir de diferentes lugares: da saudade de uma mãe que já se foi, da frustração por uma relação marcada por violência ou abandono, ou do luto devastador por um filho que não está mais aqui. Situações distintas, mas que têm em comum um ponto fundamental: o direito de sentir e respeitar o próprio tempo. “Não existe uma forma certa de viver o Dia das Mães. Para algumas pessoas, a data é um gatilho emocional que ativa memórias difíceis, arrependimentos ou tristezas profundas. Validar esses sentimentos é o primeiro passo para cuidar de si”, explica a psicóloga Êdela Nicoletti, especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT) e diretora do Centro de Terapia Cognitiva Veda. Êdela destaca que, diante da pressão social para celebrar, é comum que pessoas enlutadas ou com histórias familiares complexas sintam culpa por não conseguirem entrar no ‘clima’ da ocasião. “A sociedade costuma impor narrativas idealizadas sobre maternidade e família. Mas a realidade emocional é muito mais diversa. Em datas simbólicas como essa, praticar a autocompaixão e buscar apoio emocional pode fazer toda a diferença”.

A especialista recomenda que quem passa por esse tipo de sofrimento se permita escolher como deseja vivenciar o dia — seja se resguardando do barulho externo, seja criando pequenos rituais pessoais de acolhimento e lembrança. E reforça que a dor não precisa ser silenciada: ela pode ser compartilhada com pessoas de confiança ou, quando necessário, com profissionais da saúde mental. Neste Dia das Mães, talvez a maior forma de amor seja exatamente essa: res- peitar o que cada um sente. Mesmo quando a saudade fala mais alto do que a festa. Êdela Aparecida Nicoletti, psicóloga especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT) pela Behavioral Tech (Seattle-EUA) FBTC e DGERT e em Terapia Cognitivo-Comportamental. Com certificação em transtorno de estresse pós- traumático (TEPT), Êdela é diretora do Centro de Terapia Cogntiva (CTC) Veda, mentora e tutora do Programa de Proficiência em Terapia Cognitiva e professora Honorária da Equipe Formadora do Instituto Nora Cavaco de Portugal.

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