Semop explora bem as redes sociais para mostrar serviço
Por Mateus Gusmão
Um embate silencioso, porém evidente, está gerando um tremendo mal-estar nos bastidores da segurança pública de Volta Redonda. Guardas Municipais, que são concursados, e agentes da Semop (Secretaria Municipal de Ordem Pública), que são ocupantes de cargos comissionados, não andam falando a mesma língua. Os motivos são diversos. Um deles é o fortalecimento da pasta em detrimento da Guarda Municipal. Passa também, entre outras, pelo holofote em cima das ações dos comandados pelo coronel Luiz Henrique, e ainda em cima dele, que almeja se lançar candidato nas eleições de 2026. Tem mais. Há quem veja supostas irregularidades na atuação dos ‘agentes da lei’ contratados pela Semop.
Vale destacar que a Secretaria de Ordem Pública foi criada em 2021, após o início do quinto mandato do prefeito Neto, o que acabou por dar mais poder ainda ao coronel da Polícia Militar Luiz Henrique Monteiro Barbosa. Desde que foi criada, a Semop passou a dominar as ações na segurança pública da cidade do aço, com agentes andando fardados, com coletes à prova de bala, carros adesivados, sirenes e giroflex. .
Uma das discórdiascentre os integrantes dacGM e da Semop ocorrecpor conta das abordagens feitas pelos comandados do coronel PM Luiz Henrique às pessoas em situação suspeita. De acordo com alguns GMs, os agentes da Semop estariam realizando operações ostensivas de segurança, incluindo abordagens diretas e até revistas pessoais, sem amparo legal para tais ações. “Quais são as consequências dessa possível usurpação de funções? Atos e apreensões realizadas por agentes sem amparo legal podem ser anulados, expondo o município a sérios riscos jurídicos.
Além disso, não há notícias de fiscalização por parte do Ministério Público, controle externo ou mesmo a existência de uma Corregedoria interna para supervisionar as ações desses agentes”, questionam os guardas através da página no Instagram policia municipal. volta redonda Segundo os GMs, os agentes da Semop estariam fazendo segurança ostensiva, abordando suspeitos como se fossem policiais. O problema é que eles são contratados sem concurso público e não seguem qualquer ordenamento jurídico. “Em nenhum ponto a Constituição Federal autoriza a criação de outra força policial no Município que não seja a Guarda Municipal. E não existe legislação e jurisprudência do STF para isso”, pontuam, fazendo alusão ao fato de que a Prefeitura pode ter criado uma suposta força de segurança, dando poder à Semop. O que seria ilegal.
Diversos vídeos divulgados pelos GMs nas redes sociais mostram agentes da Semop abordando pessoas, registrando as situações, com fotos ou vídeos, que são divulgados em canais oficiais da Prefeitura de Volta Redonda. “Isso é preocupante, porque coloca em risco não apenas os direitos dos cidadãos, mas também a integridade dos próprios agentes. Se um suspeito reage, quem responde?”, questionou um dos GMs. Holofotes para as ações
Outra reclamação dos Guardas Municipais é de que a Secretaria de Ordem Pública teria se tornado, ao menos em nível de divulgação, o único órgão municipal de segurança. Em grupos no WhatsApp, criados com o pretexto de aproximar a população dos agentes de segurança, os cargos comissionados da Semop fazem questão de publicar fotos de como atuam. Procuram mostrar que só eles, os agentes da Semop, é que fazem rondas pelos bairros. Nenhuma foto com integrantes da Guarda Municipal, entretanto, merece divulgação, reclamam.
O foco é tão grande que o ‘brilho da Semop’ chegou a ofuscar até a 93ª Delegacia de Polícia. É que, em postagem no Instagram, agentes da pasta contaram que, graças a eles, a Polícia Civil teria efetuado a prisão de uma mulher suspeita de abandono de incapaz. O problema é que a Semop não atuou no caso. O fato envolveu guardas municipais. “Retificando: guarnição da GMVR- Patrulha da Criança e Adolescente foi quem recebeu e logrou a ocorrência”, corrigiu uma internauta na postagem oficial. Outro seguidor foi mais direto. “A GMVR faz a ocorrência e a Semop é que é citada?”, postou em forma de crítica.