A gente tem cara infiltrado em todo lugar, diz Cid em áudio obtido pela PF

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cesar Barbosa Cid, afirmou em um dos áudios liberados pela Polícia Federal (PF), no domingo (23), que havia pessoas infiltradas “em todo lugar”, ao comentar uma tentativa de encontrar alguma falha nas urnas.

O áudio faz parte do material extraído de celulares e computadores apreendidos durante a investigação da PF que resultou na denúncia de 34 pessoas por atos contra o Estado Democrático de Direito. A denúncia foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“A gente tem cara infiltrado em todo lugar, monitorando e passando para a gente as informações, refutando ou ajudando a investigar, digamos assim”, disse Cid em uma das gravações.

O áudio é um dos citados no inquérito

que aponta uma articulação de plano de golpe de Estado após o resultado da eleição presidencial de 2022, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A gente está recebendo cara de TI, hacker… Você tem que ver o que ele já montou aqui […] Se esse hacker mostrar quem foi, por onde entrou e como entrou, pronto, tá ganho o jogo”, continuou Cid.

No entanto, de acordo com o ex-ajudante de ordens, não havia, naquele momento “coisa que consiga abrir uma investigação”.

“Cara, é muita denúncia, não é pouca não. E aí é matemática, estatística, PHD, denúncias sigilosas, vai encontrar o cara num mercadinho, numa garagem e o cara passa um pen-drive, tem tudo cara, mas ninguém ainda chegou com uma coisa que consiga abrir uma investigação. É complicado, cara. 99,9% das coisas até agora você consegue refutar”, afirmou.

A CNN entrou em contato com a Marinha, Exército e Aeronáutica sobre os áudios e aguarda retorno.

Bolsonaro pressionou por comprovação de fraude

Em delação premiada, Mauro Cid afirmou que o ex-presidente pressionou o general Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, para que escrevesse um relatório sobre suposta existência de fraude eleitoral na disputa daquele ano.

“O que aconteceu foi realmente isso. Inicialmente, o general Paulo Sérgio, a conclusão dele seria isso [que não houve fraude]. E o presidente estava pressionando ele para que ele escrevesse isso de outra forma. Ele queria que escrevesse alguma coisa que não… na verdade, o presidente queria que escrevesse que tivesse fraude. Então, foi feita uma construção ali e o que acabou saindo, eu acho, foi que não se poderia comprovar porque não era possível auditar. Acho que foi isso a conclusão final quando ele enviou o documento para o senhor, se não estou enganado”, afirmou na ocasião.

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