A aceleração que a economia brasileira registrou no ano passado pressionou os juros e a inflação do país, avaliou ao WW Silvia Mattos, coordenadora do Boletim Macro IBRE.
Ela destaca que o excesso no consumo precisou ser corrigido pelos preços, porque “a oferta não consegue chegar”.
“A economia brasileira está crescendo acima do potencial e a gente percebe isso pela inflação. A gente viu uma aceleração na inflação de serviços no ano passado e a inflação geral permanece pressionada”, explicou.
“A única forma de atender o excesso de demanda é através dos preços, porque a oferta não consegue chegar. Se acelerarmos em 24 teríamos mais inflação e juros – e é isso que estamos vendo”, pontuou.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro expandiu 3,4% em 2024, uma aceleração em comparação à alta registrada em 2023, de 3,2%.
E olhando mais a fundo para os componentes do indicador, nota-se como a expansão foi puxada pela demanda.
O consumo das famílias, apesar de ter reduzido, ainda cresceu acima da média total, com alta de 4,8%. Enquanto isso, as importações expandiram 14,7%.
Estimativas do economista Samuel Pessôa ainda apontam que a demanda interna privada cresceu 5,3% em 2024.
Seu cálculo também indica que o chamado PIB cíclico, que corresponde especificamente às variáveis econômicas que são empurradas pelo impulso fiscal, subiu 4,4% no ano, sendo responsável por 3,1 pontos percentuais da alta da economia de 2024.
A inflação encerrou o ano passado em 4,83% – acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC) -, enquanto os juros foram elevados a 12,25%, ambos resultados acima das expectativas iniciais para 2024.
Em sua primeira reunião de política monetária de 2025, o BC já elevou a Selic – a taxa básica de juros do país – a 13,25%, e prevê voltar a subir mais um ponto percentual agora em março.
Não obstante, o Ministério da Fazenda e o mercado esperam uma alta menos expressiva do PIB neste ano.
“Os efeitos da política monetária vão começar a ser sentidos esse ano. Mas, se o crescimento de 2025 for igual ao de 2024, a inflação será grande também. Mas não consigo pensar que os juros vão permitir uma alta tão forte”, concluiu Mattos.