O setor agropecuário brasileiro enfrenta um desafio crucial para manter sua competitividade: a melhoria da logística rural. Larissa Wachholz, coordenadora do núcleo de Ásia do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e sócia da Vallya Participações, destaca a importância de parcerias estratégicas entre produtores e empresas investidoras em infraestrutura para superar esse obstáculo.
Wachholz argumenta que o Brasil tem um potencial significativo para expandir sua produção agrícola, dado sua disponibilidade de terras e recursos hídricos. No entanto, a especialista ressalta que é fundamental encorajar parcerias para aumentar os investimentos em infraestrutura, logística e agregação de valor.
O dilema da infraestrutura e demanda
A coordenadora do Cebri aponta um desafio crucial: “A infraestrutura precisa de demanda e o Brasil carece de poupança e de capacidade estatal para investir em infraestrutura”. Ela enfatiza que, sendo um investimento privado, é necessário que haja uma garantia de demanda para viabilizar os projetos.
Wachholz observa uma lacuna no engajamento do setor agrícola em projetos de logística de longo prazo. Ela argumenta: “É uma queixa, mas ela não se manifesta em um compromisso de utilização de infraestruturas que venham a se desenvolver”. A especialista destaca a importância de compromissos de longo prazo dos atores do agronegócio para o uso de novas infraestruturas, como ferrovias.
O papel do setor privado e a necessidade de garantias
A especialista ressalta que investidores, especialmente estrangeiros como os chineses, buscam garantias de demanda para financiar projetos de infraestrutura. No Brasil, onde esses investimentos são essencialmente privados, é crucial, segundo ela, que o próprio usuário da infraestrutura se comprometa com sua utilização no longo prazo.
Wachholz conclui enfatizando a necessidade de uma maior aproximação entre o setor agrícola e o setor de infraestrutura: “Eu acho que uma aproximação dos setores e o agro mais próximo do setor de infraestrutura para, de fato, se comprometer a usar infraestrutura no longo prazo vai ser essencial para a gente ter essas ferrovias, por exemplo, funcionando”. Ela ressalta que a inteligência estratégica necessária não é apenas governamental, mas uma combinação de esforços públicos e privados.