Os Estados Unidos implementaram, na quarta-feira (12), tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio, sem exceções ou isenções. Apesar da medida, analistas econômicos avaliam que o impacto para o Brasil deve ser limitado no curto prazo.
Segundo Gabriel Monteiro, analista de economia da CNN, grandes instituições financeiras internacionais, como o Bank of America e a Moody’s, apontam que os efeitos imediatos para a economia brasileira serão restritos.
Concorrência equalizada
Um dos fatores que contribuem para essa avaliação é que a tarifa será aplicada igualmente a todos os países exportadores de aço para os EUA.
“A concorrência vai ser parelha, vai ser igual para todo mundo que vai exportar aço para os Estados Unidos”, explica Monteiro.
Além disso, os EUA ainda dependerão de importações, já que 25% do aço consumido no país vem de fora. A produção interna não conseguirá suprir toda a demanda no curto prazo.
Impacto setorial
Embora o efeito geral na economia brasileira seja considerado limitado, o setor siderúrgico nacional deve enfrentar dificuldades. Os Estados Unidos são o principal destino das exportações brasileiras de aço, representando 47,9% do total.
Monteiro alerta: “Para o setor especificamente, vai ser uma dor, e uma dor daquelas”. As siderúrgicas brasileiras poderão enfrentar desafios para encontrar novos mercados para seus produtos.
Preocupações futuras
Apesar do impacto inicial restrito, há preocupações sobre possíveis desdobramentos. Existe o temor de que outras grandes economias redirecionem seu aço mais barato para o Brasil, afetando o mercado interno.
Além disso, caso as tarifas se estendam a outros produtos, como commodities, o Brasil poderia ser mais severamente impactado. Uma eventual desaceleração da economia mundial, resultante de uma guerra comercial mais ampla, também representaria riscos para as exportações brasileiras de commodities.
Por fim, Monteiro ressalta que, embora as exportações de aço representem menos de 5% do total das exportações brasileiras, o país deve ficar atento aos desdobramentos da situação, pois “o desaquecimento da economia mundial, por conta dessa guerra tarifária, ele nos ameaça mais do que neste primeiro momento a tarifa sobre o aço”.