A gigante da tecnologia, Apple, não deu um grande motivo para comprar um iPhone atualizado por quatro anos.
A última grande alteração nos celulares ficou com o iPhone 12 e conectividade 5G. Mas, isso pode mudar nessa semana.
O iPhone gerou mais da metade da receita total da empresa no ano passado, mas o crescimento das vendas perdeu ritmo. Isso porque, os clientes tendem a demorar mais para comprar novos modelos, já que os telefones se parecem.
Ciclos de atualização mais longos — o tempo entre a compra de novos telefones pelos usuários — atualmente afetam muitas empresas de dispositivos.
Mas têm sido especialmente dolorosos para a Apple. Já que a companhia enfrenta desafios cada vez maiores, que também incluem uma concorrência acirrada no principal mercado da China e um processo antitruste histórico.
A Apple deve anunciar novos recursos de inteligência artificial (IA) em sua Conferência Mundial de Desenvolvedores anual nesta segunda-feira (10).
A nova tecnologia pode turbinar as vendas dos celulares da marca, trazendo a empresa de volta à competição nos mercados ao redor do mundo. E nenhum produto é mais importante para a Apple do que o iPhone.
Novos recursos de IA que fornecem um motivo convincente para atualização quando a Apple lançar o iPhone 16 no outono (primavera no Brasil) podem impulsionar a empresa em um momento crucial.
O problema é o seguinte: não importa como seja a segunda-feira, a Apple não perderá seu status de potência tecnológica tão cedo.
A empresa faturou mais de US$ 200 bilhões apenas com as vendas do iPhone no ano passado.
Suas ações subiram 9% em relação ao ano passado e ela possui um negócio de serviços saudável, que ajuda a equilibrar parte da sazonalidade das vendas de hardware.
Mas analistas dizem que revigorar as vendas do iPhone é fundamental para o crescimento contínuo da Apple.
“Isso não pode ser outro tipo de apresentação do tipo ‘faremos algo legal mais tarde’. Eles sabem disso”, disse à CNN Gil Luria, analista do banco de investimentos D.A Davidson.
“Para que as ações da Apple funcionem, para que o negócio cresça, precisamos ouvir porque deveríamos comprar o iPhone 16”, continua o analista.
Os investidores também contam com a Apple para provar que a empresa segue firme na corrida da IA.
O momento vai contra a companhia, já que muitos dos seus pares articularam muito mais claramente uma estratégia para a próxima grande vaga de desenvolvimento tecnológico.
O analista sênior da eMarketer, companhia de pesquisa de mercado, Gadjo Sevilla afirmou que o momento da Apple é complexo. “O momento é crítico para a Apple. A Nvidia acaba de ultrapassá-la como a segunda empresa de tecnologia mais valiosa, atrás da Microsoft”.
Ele adicionou que a gigante da tecnologia de Bill Gates também busca competir mais diretamente com a Apple, apostando em novos PCs alimentador por IA.
“Qualquer passo em falso da Apple neste momento poderá fazer com que ela perca sua força como líder em tecnologia”.
Aguardando o iPhone IA
Há anos que a Apple inclui IA nos seus produtos de formas pequenas e muitas vezes invisíveis que, no entanto, facilitam a vida dos seus fãs.
Mas agora a Apple está preparada para apresentar suas atualizações de IA mais voltadas para o consumidor.
Espera-se que a empresa anuncie na segunda-feira novos recursos generativos de IA para iOS, o que poderia beneficiar especialmente seu assistente pessoal Siri.
A Siri com tecnologia de IA poderia executar tarefas específicas, como relembrar uma foto tirada anos atrás no dispositivo ou responder perguntas detalhadas sobre o clima, notícias ou curiosidades.
Com o tempo, ela poderia aprender as preferências e até mesmo a personalidade do usuário e responder de acordo com isso.
Com base na forma como os concorrentes já começaram a integrar IA generativa em seus dispositivos, a Apple também poderia introduzir outras ferramentas, como a capacidade de resumir ou redigir e-mails.
A Apple muitas vezes não é a primeira a introduzir novas tecnologias, mas sim responsável por lançar uma experiência “premium” mais lentamente.
Agora, existe pressão para que a gigante do iPhone impressione as pessoas com recursos que vão além do que concorrentes como Samsung e Microsoft já introduziram para seus smartphones e computadores.
Mas, além dos recursos em si, talvez a maior questão que entra na Conferência Mundial de Desenvolvedores seja: quais iPhones vão suportar a atualização? Ou só terão suporte à nova tecnologia os dispositivos que ainda devem ser lançados?
O último cenário — assumindo que os recursos sejam atraentes — poderia estimular o próximo grande ciclo de atualização do iPhone e ter efeitos em cascata para toda a empresa.
Luria disse que novos recursos enfadonhos ou capacidade de IA disponíveis para qualquer pessoa com um iPhone mais antigo podem fazer com que as ações da empresa caiam para até US$ 160.
Mas uma nova tecnologia empolgante que incentive os usuários a atualizar no outono pode aumentar as ações para US$ 240.
Para efeito de comparação, as ações da Apple fecharam o dia a pouco menos de US$ 197 na sexta-feira (7).
“Essa é a chave: se for atraente e não for compatível com versões anteriores, a Apple terá o primeiro ciclo de atualização em quatro anos”, disse Luria.
“E isso significará muito para as ações, porque foi a última vez que tiveram um grande salto.”
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