A atividade industrial da China caiu pelo segundo mês consecutivo em junho, enquanto a atividade de serviços atingiu o nível mais baixo em cinco meses, segundo pesquisa oficial divulgada neste domingo (30), mantendo vivos os apelos por mais estímulos enquanto a economia luta para se reerguer.
O índice de gerentes de compras (PMI) do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), de 49,5 em junho, ficou inalterado em relação a maio, abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração e em linha com a previsão mediana de 49,5 em uma pesquisa da Reuters.
“A atividade industrial real deve ser mais forte do que os dados sugerem, já que nossa observação é de que o PMI oficial não consegue captar totalmente o atual impulso das exportações, que tem sido o principal impulsionador econômico este ano”, disse Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit.
Ainda assim, Xu acrescentou que a demanda externa e interna continua relativamente inadequada para absorver a capacidade de produção da China, o que impedirá uma recuperação dos preços ao produtor.
Embora um subíndice de produção tenha ficado acima de 50 em junho, outros índices de novos pedidos, estoques de matéria-prima, emprego, prazos de entrega de fornecedores e novos pedidos de exportação ficaram todos em território contracionista, segundo a pesquisa do NBS.
As exportações da China superaram as previsões em maio, mas os analistas disseram que ainda não se sabe se as vendas de exportação são sustentáveis, dada a crescente tensão comercial entre Pequim e as economias ocidentais.
Enquanto isso, uma prolongada crise imobiliária continua a arrastar a demanda doméstica.
Com os consumidores cautelosos e o impulso do feriado do Dia do Trabalho se esvaindo, o PMI de produtos não manufaturados, que inclui serviços e construção, caiu de 51,1 em maio para 50,5, o menor valor desde dezembro.
O PMI de serviços caiu para 50,2, um recorde de baixa de cinco meses, e o PMI de construção caiu para 52,3, a leitura mais fraca desde julho do ano passado.
Os analistas esperam que a China implemente mais medidas de apoio político no curto prazo, ao mesmo tempo em que uma promessa do governo de aumentar o estímulo fiscal é vista ajudando a impulsionar o consumo interno.
“Os números fracos do PMI naturalmente exigem mais políticas de apoio do governo chinês.
Entretanto, o espaço para flexibilização da política monetária é limitado por enquanto, já que a moeda chinesa está sob pressão”, disse Hao Zhou, economista-chefe da Guotai Junan International.
“Dito isso, é provável que a política fiscal assuma a liderança, sugerindo que o governo central precisará emitir mais dívidas em um futuro próximo para impulsionar a demanda interna geral.”
No entanto, a alta dívida dos governos locais e a pressão deflacionária lançam uma longa sombra sobre as perspectivas de recuperação, apesar de uma série de medidas que as autoridades implementaram desde outubro do ano passado, atenuando as expectativas dos investidores e dos proprietários de fábricas.
No mês passado, o banco central da China anunciou um programa de reempréstimo de moradias a preços acessíveis para acelerar as vendas do estoque de moradias não vendidas, de modo que a oferta corresponda melhor à demanda.
As autoridades estão sendo pressionadas a acionar novos motores de crescimento para reduzir a dependência da economia em relação às propriedades.
O primeiro-ministro Li Qiang disse em uma reunião do Fórum Econômico Mundial na terça-feira (25) que o crescimento de novos setores estava apoiando o desenvolvimento econômico saudável.
“Desde o início deste ano, a economia da China tem mantido uma tendência de alta… e espera-se que continue a melhorar de forma constante no segundo trimestre”, disse Li.
Economistas e investidores estão aguardando a terceira plenária, que será realizada de 15 a 18 de julho, com centenas das principais autoridades do Partido Comunista da China reunidas em Pequim para a reunião quinquenal.
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