Ex-presidente do Banco Central (BC) e um dos “pais do Real”, Armínio Fraga afirmou que “bobagens” em mudanças na autoridade monetária fariam o povo sofrer, mas disse que os responsáveis por estas decisões também “pagariam preço”.
Armínio mencionou “mudanças que vem por aí no Banco Central”, mas não indicou com especificidade a quais se referia. Até o final deste ano, o presidente Lula indicará dois diretores e o novo presidente do Banco Central. Assim, passará a ter a maioria no colegiado.
“Acho que a âncora [da economia brasileira] é o social, e é o que permite alguma esperança de que, em mudanças que vêm aí no Banco Central, algumas bobagens possam ser evitadas. Porque, se não forem, não só o povo vai sofrer, mas quem fizer também vai pagar o preço”, disse.
O economista participou remotamente de um evento em celebração aos 30 anos do real, em São Paulo, nesta segunda-feira (24). Armínio esteve ao lado de outros pais do plano: Pérsio Árida, Pedro Malan, Gustavo Franco e Edmar Bacha.
Em sua fala, Armínio avaliou que o tripé macroeconômico – cuja implantação liderou – ainda se mostra robusto. O mecanismo rege a economia brasileira e combina câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal.
Fraga foi presidente do BC de março de 1999 a dezembro de 2002, no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Ao comentar a transição após aquele governo, disse que Lula “abandonou” ideias do PT e com “bom senso” acalmou o cenário econômico do país.
O Plano Real completa 30 anos no próximo dia 1º. Em fevereiro de 1994, os economistas da equipe de FHC criaram uma espécie de dólar virtual, a Unidade Real de Valor (URV). Em julho, este mecanismo se tornou o real — uma nova moeda que nascia sem a doença da hiperinflação.
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