Caçador de marajás: Collor foi eleito em 1989 com discurso contra corrupção

Preso por acusação de corrupção na madrugada desta sexta-feira (25), o ex-presidente Fernando Collor garantiu que iria caçar os funcionários públicos que tinham alto salário na época em que foi eleito para o cargo, em 1989.

Durante sua campanha eleitoral, ele ficou conhecido como o “caçador de marajás”, que combatia aqueles que tinham altos salários no setor público.

Em sua posse no Planalto, em 15 de março de 1990, em um discurso de 22 páginas, ele declarou que a “corrupção, a prevaricação e o empreguismo” o repugnavam.

“Nada repugna mais ao espírito de cidadania que a corrupção, a prevaricação e o empreguismo. Bem sabem Vossas Excelências que fiz da luta pela moralidade do serviço público um dos estandartes de minha campanha. E assim fiz porque senti, desde o primeiro momento, quando ainda governador, a profunda, a justa revolta do povo brasileiro, de Norte a Sul, nas cidades e nos campos, em todas as classes sociais, contra aqueles que, ocupantes de cargos públicos, desservem o Estado pelo mandonismo ou absenteísmo, o proveito próprio, o nepotismo, ou simplesmente a ociosidade remunerada, com o dinheiro do contribuinte, por conta de funções supérfluas, fruto da infatigável imaginação fisiológica dos que insistem em conceber o Estado como instrumento de ganho pessoal ou familiar”

Fernando Collor

O governo Collor

Na eleição, Collor venceu o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Ele foi primeiro presidente da República eleito diretamente após o fim da ditadura militar.

O então chefe do Executivo assumiu o Brasil em meio a um cenário de hiperinflação e fragilidade econômica herdados da ditadura e do governo de José Sarney.

O governo foi marcado pela abertura do mercado nacional às importações, pela tentativa de desinchar o Estado — cortando ministérios, postos de servidores públicos, vendendo imóveis e iniciando um projeto de desestatização — e pelo drástico Plano Collor, que foi o ápice para o Congresso abrir um processo de impeachment contra o então presidente.

O “caçador de marajás” foi afastado do cargo em outubro de 1992, e em dezembro daquele ano, renunciou a Presidência da República, tentando evitar o processo de impeachment e preservar seus direitos políticos.

A tentativa, no entanto, não deu certo. Um dia após à renúncia, o impeachment foi aprovado e Collor foi condenado à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos.

Em 2014, porém, ele foi absolvido pelo STF da acusação de desvio de recursos públicos por falta de evidências.

Prisão

Collor foi preso após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, entender que o ex-presidente, com a ajuda dos empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, recebeu R$ 20 milhões para viabilizar irregularmente contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia para a construção de bases de distribuição de combustíveis.

A sentença é de 2023, quando Collor foi condenado a oito anos e dez meses de prisão por receber milhões em propina entre 2010 e 2014.

Há dois anos, a Corte entendeu que o dinheiro foi lavado para ocultar a origem ilícita, e a atuação de Collor buscava garantir apoio político dentro da estatal. Na época da condenação, o ex-presidente não foi preso porque ainda cabiam recursos.

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