Câmeras da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) de Volta Redonda têm sido utilizadas para solucionar falsas comunicações de crimes na cidade. As imagens têm permitido às autoridades identificar e verificar a veracidade das ocorrências, reduzindo a incidência de falsas denúncias e otimizando o trabalho das forças de segurança. Pelo menos três casos de falso roubo foram esclarecidos com o auxílio das câmeras da Semop, através do Sistema Integrado de Segurança Pública com a cooperação de informações e imagens. As falsas comunicações de crimes aconteceram entre março e maio, e todos os envolvidos estão respondendo criminalmente.
No primeiro caso, um homem de 37 anos registrou na delegacia (93ª DP) que havia sido assaltado no dia 17 de março, por volta das 14h30, ao sair de uma agência bancária na Avenida Amaral Peixoto, no Centro. Ele relatou que foi roubado por um homem que o ameaçou com uma faca, obrigando-o a entregar uma carteira com documentos pessoais e R$ 260. O fato chamou a atenção das autoridades, principalmente pelo horário e local citados, já que aquela região conta com o policiamento da Operação Segurança Presente.
Depois de investigações, que contaram com a análise de câmeras do dia e do horário do suposto assalto, as autoridades concluíram que o crime não havia acontecido. O homem foi intimado e compareceu à delegacia, confirmando a falsa comunicação de crime, dizendo-se muito arrependido, alegando que havia perdido a carteira e o dinheiro em via pública. Já no dia 4 de maio, uma mulher de 43 anos alegou que foi vítima de um assalto enquanto trafegava pelo bairro Voldac, próximo a uma churrascaria. O crime teria acontecido por volta das 19h, quando foram levados R$ 2,8 mil, um aparelho celular, uma fralda infantil e documentos pessoais. Com indícios de uma falsa comunicação de crime, a mulher foi intimada a comparecer na delegacia e confessou que estava com dívidas e, por isso, fez o registro do falso assalto.
No dia 5 de maio, um homem de 54 anos alegou que havia sido assaltado por dois homens em uma moto, no bairro São Geraldo, por volta de 12h30. Ele relatou que a dupla armada o assaltou, levando uma carteira com documentos e R$ 3,5 mil em dinheiro. Em seguida, os assaltantes teriam fugido em direção ao interior do bairro São Geraldo. Com essa descrição, houve troca de informações entre as forças de segurança e, com a análise das imagens registradas pelas câmeras da Semop, foi possível comprovar que o suposto assalto não aconteceu. Ao ser confrontado pelas autoridades na delegacia, o homem confessou que havia inventado o roubo, porque estaria devendo várias pessoas, inclusive os irmãos, e não teria o dinheiro suficiente para quitar os débitos.
Tecnologia a serviço da segurança
As câmeras de monitoramento estão instaladas em pontos estratégicos e alcançam todos os bairros de Volta Redonda. O secretário municipal de Ordem Pública, Coronel Henrique, destacou que os equipamentos têm atingido o resultado proposto, que é o de inibir e prevenir a prática de delitos, identificar situações suspeitas e auxiliar as autoridades na elucidação de crimes.
“Com os softwares que possuímos, podemos prevenir as práticas delituosas, mas quando essa prevenção falha, temos condições de auxiliar as autoridades na elucidação de crimes e responsabilizar os autores. Nesses casos, graças à tecnologia conseguimos responsabilizar pessoas que tentavam ludibriar as autoridades para tentar ter algum tipo de benefício com a falsa comunicação de crimes. Aproveito para parabenizar a Polícia Civil, na pessoa do delegado Vinícius Coutinho; a Operação Segurança Presente, comandada pelo major José Eduardo Silvério e a todos os integrantes das forças de segurança do município”, disse Coronel Henrique.
Impactos negativos e prejuízo social
Apesar de parecer simples, a falsa comunicação de crime gera impactos negativos muito grandes, como explicou o coordenador da Operação Segurança Presente, major José Eduardo Silvério.
“Isso provoca um problema sério nos indicadores de roubos e furtos, mesmo que de forma artificial, o que acaba impactando o planejamento das forças de segurança. Nós atuamos com base numa análise criminal, que é feita de acordo com os registros de ocorrências na delegacia. A partir disso, nós alocamos o policiamento. Ou seja, em virtude de uma falsa comunicação de crime, nós podemos reforçar o policiamento em uma área onde não há a real necessidade, deixando outras áreas vulneráveis, causando um prejuízo social muito grande”, afirmou Silvério.
O delegado titular da 93ª DP, Vinícius Coutinho, esclareceu que a falsa comunicação de crime – a exemplos de registros de furto ou roubo que não ocorreram – é passível de penalidades no Código Penal Brasileiro.
“Esse comportamento, além de criminoso, é danoso para toda a sociedade, pois os escassos recursos da Polícia Civil acabam sendo empregados para tentar esclarecer um fato que não ocorreu, quando poderiam estar sendo empregados na resolução de um caso verdadeiro. A depender das circunstâncias, o noticiante poderá ser responsabilizado por delitos diversos, dentre eles a comunicação falsa de crime ou contravenção, denunciação caluniosa, falsidade ideológica e estelionato, cujas penas variam de seis meses a oito anos de prisão e podem ser aplicadas cumulativamente, a depender do caso”, explicou Coutinho, reforçando a importância do sistema de monitoramento por câmeras de Volta Redonda.
“Além dos casos de falsas comunicações de roubos a transeuntes, as câmeras de monitoramento municipal também foram fundamentais para constatação de duas recentes comunicações falsas de roubo de carga. Considero que o uso da tecnologia, aliado à integração dos órgãos de segurança pública, vem contribuindo para um melhor enfrentamento da criminalidade no município de Volta Redonda e consequente melhoria na qualidade de vida dos cidadãos”, concluiu o delegado.