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Candidatos sem dinheiro para campanha chiam e ameaçam deixar partidos em VR

Mateus Gusmão e
Vinícius de Oliveira
O financiamento da
campanha de vários candi-
datos de diferentes legen-
das na cidade do aço tem
movimentado os bastido-
res da política local, com
denúncias de favoreci-
mento às figuras centrais
de partidos como PT, Psol
e União Brasil, entre ou-
tros. Tradicionalmente
avesso ao fundo partidário,
o Psol-VR, por exemplo,
está apostando suas fichas
na candidatura da profes-
sora Juliana Carvalho, que
já recebeu mais de R$ 60
mil do partido e dos de-
putados Flávio Serafini e
Taliria Petroni para tentar
se eleger à Câmara de Volta
Redonda. Pode-se dizer
que é uma felizarda. Os ho-
mens do Psol estão tendo
que se virar com pouco
mais de R$ 5 mil cada um
para fazer campanha.
Uma fonte com trân-
sito no Psol, que não quer
se identificar, afirmou que
a preferência da legenda
em centralizar parte da ver-
ba do partido na candidatu-
ra de Juliana, que já perdeu
uma eleição para a prefei-
tura de Volta Redonda, se
deu porque a candidata faz
parte da corrente que do-
mina o partido, o Subverta,
que combate o capitalismo,
o racismo, o patriarcado e
o neoliberalismo. “O Psol,
através dos diretórios
municipal e estadual, deu
uma ‘banana’ para os
outros militantes do
partido que aceitaram sair
candidatos, e escolheu
derramar milhares de reais
numa só candidata: Juliana
Carvalho. São contra a
concentração de renda no
mundo, defendem o fim
das desigualdades entre
classes, mas são a favor das
desigualdades entre os
militantes”, reclama a fonte.
Indignada, ela aposta
num racha da legenda após
a eleição. “Como uma can-
didata pode receber 67 mil,
enquanto outras candidatu-
ras ‘periféricas’ têm que se
virar com 5,4 mil? O racha
é inevitável! O sentimento
de ter sido feito de trouxa,
de abandono por parte de
outros 13 candidatos paira
e, assim que acabar as elei-
ções, muita roupa imunda
será lavada e uma possível
debandada de filiados e
militantes deve ocorrer.
Quem viver verá”, aposta.
Adriana Bittencourt,
presidente do diretório do
Psol local, justifica a estraté-
gia para favorecer o nome
de Juliana. “Juliana tem sido
uma aposta do Psol desde
2020, quando se dispôs a
concorrer à prefeitura de
Volta Redonda, numa candi-
datura que representava um
esforço coletivo do partido.
Na ocasião, foi a candidata
mais votada da esquerda e
por isso o Psol reconheceu
nela uma figura importante
para a construção política
no município. Em 2024, ela
seria a principal candidata à
prefeitura novamente, caso
quisesse. No entanto, o
partido considerou que, para
esta eleição, sua candidatura
à vereança seria mais viável,
o que intensificou ainda mais
o apoio em torno de seu
nome”, explicou.
Ela vai além. Diz que,
apesar da alta soma inves-
tida na candidatura de Julia-
na, nenhum homem negro
do Psol recebeu menos do
que os homens brancos. E
garante que as duas outras
mulheres negras que
também compõem a
nominata (Liliana Siqueira e
Mestra Arara) ganharam
mais do que os outros –
R$ 21 mil cada -, ficando
atrás apenas de Juliana.
“A quantidade de dinheiro
para dividir veio pronta
da estadual. A partir daí,
homens brancos ficaram
com R$ 5,5 mil, homens
negros com R$ 7 mil.
Tivemos um problema
com um candidato negro
na hora do repasse. Mas
isso já foi resolvido. Mu-
lheres brancas receberam
em torno de 10 mil. Já as
mulheres negras recebe-
ram 21 mil cada uma”,
detalhou.
Ao ser abordada so-
bre as denúncias, Juliana
Carvalho questionou o in-
teresse da mídia, esque-
cendo que o jornal é
quem foi procurado por
candidatos do Psol insa-
tisfeitos com o tratamento
preferencial dado a ela na
distribuição de recursos.
“Volta Redonda, como
muitas cidades brasileiras,
carece de políticas públi-
cas que protejam suas po-
pulações mais vulneráveis.
E é justamente por isso
que centralizar forças em
minha candidatura é
estratégico. Uma cidade
planejada por mulheres,
particularmente por uma
mulher preta, traz bene-
fícios para todos. Além
disso, uma mulher preta
no poder nunca está sozi-
nha. Sua vitória represen-
ta a vitória de uma
comunidade inteira que
luta diariamente contra a
opressão, a violência e a
marginalização”, teoriza.
Ainda de acordo com
Juliana, ao centrar os re-
cursos na sua candidatura,
o diretório do Psol pre-
tende “financiar uma
agenda que inclui políticas
contra a LGBTfobia, pro-
gramas de acolhimento, e
uma cidade mais justa e
inclusiva para todos”.
“Quem critica essa forma
de financiamento esque-
ce, ou ignora, que o Psol
sempre decidiu seus rumos
de forma coletiva, e esse
apoio reflete justamente o
desejo de mudança por
parte de quem mais precisa
dela. Afinal, nenhum mili-
tante do partido entrou
sem saber onde estava pi-
sando, e a construção em
conjunto, ainda que com-
plexa, permanece um dos
pilares da política do Psol”.
Liliana Siqueira, outra
candidata negra do Psol e
que recebeu menos verba
do que Juliana, diz que não
se sentiu prejudicada com
a distribuição de recursos.
Garante até que entende a
prioridade dada à
professora Juliana, visto
que sua trajetória dentro do
partido é anterior a de
muitos candidatos.
“Primeiro, é bom que se
saiba que essa decisão veio
de cima. Quem quiser
reclamar que procure a
estadual ou nacional.
Segundo, essa verba foi
pensada para ajudar
pessoas que vieram antes
e que construíram o
partido. Conheço outros
homens candidatos de
partidos diferentes,
inclusive de esquerda, que
receberam até 100 mil
reais. E ninguém falou
nada. A Juliana deveria ter
recebido isso também. Eu
e muitos outros viemos
candidatos por causa dela,
então não me sinto
prejudicada”, afirmou.
A reportagem também
tentou falar com a Mestra
Arara, outra candidata do
Psol, mas ela preferiu não se
pronunciar a respeito do
caso.
Crise no PT
Na federação com-
posta por PT, PCdoB e PV,
o problema se repete. E foi
exposto justamente por um
candidato do Partido dos
Trabalhadores: Nilson Ne-
neco. Em áudios que
circulam pelas redes sociais,
ele questiona a destinação
das verbas. “A verba che-
gou para 80% dos candi-
datos e eu sou um que não
recebi nada. Esse partido
aqui em Volta Redonda é
muito bagunçado. Eu estou
desmotivado, mas a luta
continua”, disse. “Tem
quem recebeu R$ 90 mil,
R$ 80 mil, e outros
zerados”, comparou.
O problema no partido
seria a priorização em
torno de alguns candidatos
considerados de ‘elite’ pela
legenda, com chance de se
eleger. Uma delas seria
Geslia Marques, que
conseguiu R$ 90 mil da
direção nacional do PT.
Rodrigo Beltrão, por sua
vez, recebeu R$ 35 mil; e
Dayse Ribeiro, R$ 26 mil.
Já pelo PCdoB, quem mais
recebeu recursos foi Ronie
Oliveira: R$ 100 mil
doados pela nacional da
legenda.
Uma fonte do aQui,
ligada à federação, explicou
o que pode ter acontecido.
“Esses partidos separam o
grupo de candidatos em
três categorias: G1, G2 e
G3. O G1 é quem mais
recebe atenção, por ter
mais chance de ser eleito”,
disse a fonte, completando
que a articulação dos
candidatos também conta.
“Hoje, os deputados
federais são responsáveis
por distribuir boa parte da
verba dos partidos. Um
candidato bem articulado
recebe mais por firmar
alianças para o futuro. Caso
do deputado Lindbergh
Farias, que distribuiu
recursos para quem irá
apoiá-lo à reeleição em
2026”, completou a fonte.
No União Brasil,
comandado pelo vereador
Luciano Mineirinho,
estaria acontecendo o
inverso. Ele já recebeu, por
enquanto, R$ 78.240,00, e
as mulheres do partido, por
sua vez, segundo uma
fonte, estão a ver navios.
Não teriam recebido
nenhum real da verba
partidária. Quem recebeu
o mesmo valor foi Vander
Temponi. Outros
postulantes à Câmara,
entretanto, faturaram bem
menos. O ex-vice-prefeito
Nelsinho Gonçalves, vejam
só, ganhou R$ 17 mil.
Edson da Saúde é outro
que ganhou pouco: R$ 5,8
mil. Já Ida Silva não
ganhou nadica de nada.
O PSD, legenda que
teve a chapa de candidatos
formada pelo deputado
Munir Neto, também está
na polêmica da distribuição
de recursos. A ex-secretária
de Assistência Social, Carla
Duarte, recebeu R$ 60 mil
da legenda, só que outros
candidatos ficaram sem
nada. O próprio vereador
Lela, candidato à reeleição,
não ganhou nenhum
recurso. Os ex-vereadores
Simar e Sukinho também
ficaram à míngua. Ou seja,
a ex-secretária tem QI.

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