Por Pollyanna Xavier
Guardadas as devidas proporções com o cenário da Covid-19, a dengue tem adoecido cada vez mais pessoas na cidade do aço. Nos últimos dias, o aumento no número de infecções da doença chegou a 70% em relação à semana anterior. A média móvel tem sido de 350 novos casos por dia, com um saldo de quatro óbitos confirmados desde janeiro, e outros 14 em investigação. O que assusta é que, enquanto o número de casos sobe, o de depósitos com água parada também aumenta, provando que a população ainda não se deu conta da gravidade do problema. A força-tarefa da prefeitura já
percorreu 18 bairros diferentes e em todos eles uma grande quantidade de lixo e inservíveis foi recolhida.
No último boletim divulgado pelo Centro de Inteligência e Saúde do Estado do Rio (CIS-RJ), as autoridades sanitárias afirmaram que os atendimentos suspeitos de dengue e o número de solicitações de leitos vêm aumentando por três semanas consecutivas. O pico é esperado na 13a semana epidemiológica, que vai do dia 24 a 30 de março. A partir daí, é esperada uma queda gradativa dos números da dengue, com redução significativa somente em agosto. Se estiverem certos,
o estado do Rio terá o inverno mais atípico dos últimos anos, com registros incomuns de casos de dengue em meio ao clima seco e frio. O fenômeno pode indicar uma forte mutação do vírus.
Desde quinta, 7, o aQui vem divulgando nas redes sociais os números da dengue na cidade do aço. A fonte é oficial: o Ministério da Saúde, que atualiza, diariamente, o sistema de informação e monitoramento das arboviroses. A reportagem
vem acompanhando esses dados desde o início da epidemia e constatou que, de um dia para outro, os casos vêm aumentando cerca de 30 a 40%. Para se ter uma ideia, entre se- gunda e sexta, quase 1500 novos registros entraram no sistema do Ministério da Saúde, provando que todo o esforço feito até o momento não tem sido suficiente para reduzir ou mesmo estabilizar os números da dengue em Volta Redonda.
Na quinta, 7, a Secretaria de Saúde abriu mais um centro de hidratação para pacientes infectados. A sala fica na Unidade Básica de Saúde da Vila Mury e vai atender exclusivamente casos de dengue e covid. Sim, a covid também tem disparado em Volta Redonda, elevando a cidade ao terceiro lugar do ranking no estado do Rio, com 378 casos e seis óbitos em 2024, atrás apenas de Macaé (492) e do Rio (20.135 casos). Só neste ano, o estado do Rio registrou 34.606 infecções pelo coronavírus e 157 mortes. No próximo dia 16 de março, a pandemia da covid completa quatro anos, com a triste estatística de 2,9 milhões de infectados e quase 78 mil mortos em todo o território fluminense.
Para as autoridades sanitárias, a associação dos vírus da covid e da dengue, e ainda o da influenza (que nunca deixou de circular), reforça um cenário epidemiológico de risco, com chances de colapsar o sistema público de Saúde e
sobrecarregar a rede privada. Um dos questionamentos é a vacina, que, no caso da dengue, tem sido rejeitada pela maioria das pessoas, fazendo com que a procura fique muito abaixo do esperado. Para se ter uma ideia, o imunizante contra a dengue foi distribuído apenas às cidades com população acima de 100 mil habitantes, mas, com a pouca adesão, o Ministério da Saúde vai entregar a municípios menores. A conferir.
Barra Mansa
A situação da dengue no município vizinho também é de alerta, com 1.087 casos prováveis e um óbito em investigação. Na comparação com a semana anterior, quando foram registrados 805 casos sem nenhuma morte, o aumento foi de 35% ou 779 novos casos. Confira a seguir os números da região.