A China classificou os impostos como uma forma de bullying, que apenas protegem o “unilateralismo típico” dos americanos. Pouco depois, Trump ameaçou Pequim com uma nova taxa de 50% em produtos enviados aos Estados Unidos.
A decisão seria um contra-ataque às tarifas de 34% anunciadas na sexta (4). Trump, no entanto, afirmou que pretende conversar com representantes chineses sobre a guerra comercial, mas não definiu uma data para isso.
Também afetada pelo tarifaço, a União Europeia busca alternativas para negociações com os Estados Unidos. O bloco considera retirar tarifas contra produtos americanos caso Washington faça o mesmo com os europeus.
Ao mesmo tempo, a Europa se prepara para retaliar.
A Comissão Europeia vota nessa semana uma proposta que impõe 25% de impostos contra cerca de US$ 28 bilhões em bens americanos.
“Mas também estamos preparados para responder por meio de contramedidas e defender nossos interesses. Além disso, também nos protegeremos contra efeitos indiretos por meio do desvio de comércio. E, para esse fim, criaremos uma força-tarefa de vigilância de importações.”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen.
Buscar soluções para as tarifas também foi uma das razões para o encontro entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu e Donald Trump nesta segunda (7). Na conversa com Trump, Netanyahu defendeu derrubar o déficit comercial e os impostos contra produtos americanos de forma rápida para solucionar o conflito.
“Achamos que é a coisa certa a fazer. E também vamos eliminar barreiras comerciais, uma variedade de barreiras que foram impostas desnecessariamente. E eu acho que Israel pode servir como modelo para muitos países que deveriam fazer o mesmo.”, afirmou Netanyahu.
Mesmo assim, Trump não prometeu um acordo com os israelenses.
“Bem, estamos falando de um comércio totalmente novo – talvez não, talvez não. Não se esqueça, nós ajudamos muito Israel. Você sabe, damos a Israel US$ 4 bilhões por ano. Isso é muito.”, apontou Trump.
Frente às indefinições e torcendo para um recuo sobre as taxas, o mercado financeiro teve um dia extremamente volátil. Nos Estados Unidos, a Dow Jones e a S&P 500 fecharam em queda.
Na Europa, índices da Alemanha, Inglaterra e Itália despencaram entre 4% e 5%.
Para o Brasil também não foi diferente, com o Ibovespa recuando mais de 1% – enquanto o dólar disparou para R$ 5,90.
Os mercados acompanham a visão de instituições financeiras e empresários ao redor do mundo. Em sua carta anual, o presidente do JP Morgan, Jamie Dimon, afirmou que as tarifas vão causar mais inflação e elevaram a probabilidade de uma recessão global.
O investidor bilionário Bill Ackman, que apoiou Trump na corrida presidencial do ano passado, afirmou que a decisão do republicano de seguir em frente com as taxas é equivalente a jogar os Estados Unidos numa guerra nuclear econômica.
Ackman disse que o investimento empresarial vai cair e que os consumidores vão gastar menos com os impostos em vigor. Ainda segundo o empresário, o tarifaço vai afetar severamente a reputação dos Estados Unidos com o mundo, levando décadas para ser recuperada.