10/05/2025 09:13

Corte de imposto de alimento pelo governo tem efeito reduzido na importação

Entre os onze grupos de alimentos (NCMs, na sigla do Comércio Exterior) que tiveram imposto cortado pelo governo em março, sete apresentaram alta na importação em abril, enquanto quatro tiveram queda. Os números são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

A ideia do governo ao zerar o imposto de importação era permitir que produtos chegassem ao Brasil com menos custos, a fim de reduzir os preços dos alimentos.

Para o levantamento, foram comparados dados do Mdic de abril de 2025 (o primeiro mês “fechado” sem tributo) e o mesmo período do ano passado.

O ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral afirma que o corte teve impacto reduzido até o momento. “Se esperava que não teria muito efeito na importação, até porque, para alguns destes produtos, o Brasil é o maior produtor mundial. Então dificilmente se comprará mais barato de fora”, disse.

Segundo o ex-secretário, contudo, isso não significa que não há impactos sobre os preços. Um dos principais objetivos da medida é criar uma espécie de “dissuasão”, em que o mercado interno evita subir preços para não favorecer as compras do exterior. “Mas isso é difícil de mensurar”, completou Barral.

No período analisado, um dos aumentos mais expressivos está no café não torrado, não descafeinado, em grão: o Brasil importou US$ 26 milhões em abril deste ano, contra zero no mesmo mês do ano passado.

Também se destaca a alta na importação de massas alimentícias não cozidas, nem recheadas ou preparadas, que alcançaram US$ 4,2 milhões, frente a R$ 3,4 milhões em abril de 2024. O milho em grão já apresentava tendência de alta nas compras e saiu de R$ 5,5 milhões para US$ 14,8 milhões.

Por outro lado, mesmo com o imposto zerado, caíram as compras do exterior de carnes desossadas de bovinos, saindo de US$ 14,5 milhões para US$ 14,5 milhões, assim como o azeite de oliva extravirgem, que recuou de US$ 64,7 milhões para US$ 40,8 milhões.

Confira a variação entre abril de 2024 e abril de 2025:

Registraram queda na importação

  • Azeite de oliva (oliveira) extravirgem
    Abril de 2024: US$ 64.709.380
    Abril de 2025: US$ 40.847.092
  • Carnes desossadas de bovinos, congeladas
    Abril de 2024: US$ 14.577.715
    Abril de 2025: US$ 10.639.907
  • Óleo de girassol, em bruto
    Abril de 2024: US$ 1.137.847
    Abril de 2025: US$ 1.020.809
  • Óleo de palma (que recebeu cotas apenas)
    Abril de 2024: US$ 34.983.462
    Abril de 2025: US$ 28.347.123

Registraram alta na importação

  • Outras massas alimentícias, não cozidas, nem recheadas, nem preparadas de outro modo
    Abril de 2024: US$ 3.423.476
    Abril de 2025: US$ 4.266.363
  • Café torrado, não descafeinado (exceto café acondicionado em capsulas)
    Abril de 2024: US$ 4.695.202
    Abril de 2025: US$ 4.874.180
  • Café não torrado, não descafeinado, em grão
    Abril de 2024: US$ 0
    Abril de 2025: US$ 26.298.308
  • Milho em grão, exceto para semeadura
    Abril de 2024: US$ 5.509.311
    Abril de 2025: US$ 14.828.615
  • Bolachas e biscoitos
    Abril de 2024: US$ 1.910.215
    Abril de 2025: US$ 2.370.850
  • Outros açúcares de cana
    Abril de 2024: US$ 227.333
    Abril de 2025: US$ 256.419
  • Preparações e conservas de sardinhas, inteiros ou em pedaços, exceto peixes picados
    Abril de 2024: US$ 10.691
    Abril de 2025: US$ 54.060

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