A escalada do dólar ao maior patamar desde o início do governo Lula reflete a falta de empenho do governo federal em resolver o problema fiscal, o que incide sobre o aumento da percepção de risco dos investidores.
Esta é a opinião de Samuel Pessôa, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em entrevista à CNN, o professor ressaltou que a relação entre a política fiscal e câmbio passa pela confiança que os investidores têm no país.
“Quando fica claro que não há um esforço para resolver esse problema, a percepção de risco aumenta e isso vai para o câmbio, que desvaloriza”, disse.
A divisa norte-americana encerrou essa quarta-feira (5) com avanço de 0,22%, negociada a R$ 5,297, a cotação mais elevada desde janeiro de 2023. Ao longo do dia, a divisa chegou a superar a marca de R$ 5,30.
Segundo Pessôa, o governo não tem dado sinais que se preocupa em reduzir a dívida pública, que, entre dezembro de 2022 e 2026, deve saltar de 72% para até 84% do Produto Interno Bruto (PIB).
“É uma elevação muito forte para um país emergente, que não tem condições de carregar tanta dívida assim”, destaca.
A solução para a arrecadação, argumenta Pessôa, pode vir pelo aumento de impostos ou no corte de gastos.
O primeiro caso, porém, tem menor efeito graças à regra de vinculação de gastos ao aumento das receitas, ou seja, seja, se o governo arrecadar mais, é obrigado a gastar mais. Já o corte de gastos esbarra na questão política.
“Problema fiscal não se resolve no Palácio do Planalto, se resolve no Congresso Nacional. Mas o presidente é uma figura absolutamente essencial para coordenar esse jogo e liderar a sociedade e a política na solução”, pontua.
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