Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara é um dos principais nomes cotados para assumir a presidência do PT, avaliou, nesta terça-feira (25), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não deve entregar o legado a outro candidato da direita sem garantir que “o núcleo duro do bolsonarismo” esteja encaminhado.
“Eu não acho que Bolsonaro vai entregar o legado dele sem que a (ex-primeira dama) Michelle esteja no jogo, sem que o Eduardo (Bolsonaro) esteja no jogo, sem que o Flávio (Bolsonaro) esteja no jogo, sem que o Nikolas (Ferreira) esteja no jogo, sem que o (secretário de Segurança Pública, Guilherme) Derrite esteja no jogo, sem que o núcleo duro do bolsonarismo esteja participando do jogo. Mesmo porque, por que você entregaria o legado inteiro de graça?”, questionou ele em evento na Fundação Fernando Henrique Cardoso.
Bolsonaro, além de ter sido declarado inelegível por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposta tentativa de golpe de Estado junto a outras 33 pessoas, entre ex-ministros, assessores e militares. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) analisa se aceitará e o tornará réu.
O petista minimizou a força do bolsonarismo e fez uma retrospectiva do movimento de 2013, sem partido que tomou as ruas do país com múltiplas reclamações e demandas, até a eleição de Bolsonaro, em 2018, mas fez ressalvas.
“Eu faço essa retrospectiva para dizer que tem algo na sociedade brasileira que é maior que Bolsonaro, é a encarnação de algo que veio se organizando no último período que todos nós caracterizamos como bolsonarismo (…) não dá para generalizar, até porque não tem nada que indique para essa generalização. Mas ali eu diria que o fascismo era maior que Bolsonaro. Ali nós tínhamos a caracterização de uma parte da sociedade brasileira que se identificava com algo muito ruim que legitimava as expressões racistas do Bolsonaro, legitimava as expressões machistas, homofóbicas, a violência, a banalização das armas”, analisou.
Apesar de pontuar que a eleição do presidente Lula (PT) em 2022 ter sido uma vitória eleitoral, politicamente o que o candidato à presidência da sigla chama de “organização fascista” segue “organizada, forte e atuante”.
Para Edinho, governadores próximos a Bolsonaro, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), de São Paulo, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, não apresentam semelhança, mas pleiteiam reunir os votos bolsonaristas em seus redutos. “Cada um aí eu colocaria num espectro político, eles são muito diversos”, disse Edinho.
Segundo Edinho, “de 20% a 25% da sociedade brasileira hoje é identificada com o fascismo”. Para ele, é preciso reconhecer isso para “poder derrotar esse pensamento”.
“Qual a sociedade que nós vamos construir? Ela vai crescer nessa coisa, infelizmente, de inspiração fascista ou a democracia vai sair fortalecida, independente de partido. Não estou dizendo que tem que ser de esquerda, centro-esquerda. Eu sonharia, inclusive sonho, que por exemplo o PSB ocupe o espaço do centro, que esse PSD do (Gilberto) Kassab ocupe o espaço do centro. A gente precisa ter um novo centro”, finalizou.