A esquerda vai marchar unida para as eleições de 6 de outubro em Volta Redonda. Ou melhor, quase toda ela. É que a federação composta por PT, PV, PCdoB e Psol decidiu lançar o blocão da esquerda, tendo como pré-candidato a prefeito o professor Alexandre Habibe (foto), do PT, que encabeçará a chapa com a presidente do Psol, Adriana Bitencourt, como pré-candidata a vice. Em entrevista ao aQui, os dois anunciaram por quais caminhos pretendem seguir para fazer frente ao bloco do prefeito Neto, que conta com apoio de mais de 10 legendas. “Nós temos muito mais coisas em comum do que divergentes. Questões que passam pela educação, meio ambiente e mobilidade urbana fazem os nossos projetos caminharem para uma convergência”, comentou Habibe.
Ele vai além. Diz que a união dos partidos de esquerda entende que Volta Redonda está perdendo sua importância no cenário político e econômico, principalmente por falta de investimento na Educação e na Saúde. “Tem demandas que estão represadas há 30 anos, principalmente as sociais. Os professores daqui estavam entre os que recebiam os melhores salários do Rio; três décadas depois, estão entre os piores. Tínhamos performance nas avaliações da Educação extremamente melhores”, pontua, passando a falar da área da Saúde.
“A estrutura de Saúde era extremamente interessante. Atualmente, temos notícias que o TCE reprovou as contas do prefeito porque ele investiu muito menos do que o mínimo em Educação e Saúde. E com isso Volta Redonda está perdendo centralidade econômica e também política. Já tivemos ao menos três deputados federais e estaduais da cidade no mesmo mandato. E por que está acontecendo tudo isso? Porque há ausência de projeto adequado que nos leve ao crescimento e ao atendimento das demandas sociais”, avalia.
Para Adriana, unindo a esquerda haverá mais chances de conter o avanço da direita também na cidade do aço. “Esse avanço é um movimento mundial, e precisamos nos organizar. Aqui em Volta Redonda ainda estamos discutindo os detalhes do conteúdo programático, mas alguns são comuns, como Orçamento Participativo, creches integrais, PCCS para professores e saneamento básico, assim como o fortalecimento de conselhos municipais e associação de moradores”,
comentou, salientando que a pauta do Tarifa Zero para o transporte público é fundamental para manter a aliança de pé. “Não discutimos ainda, mas temos certeza de que é uma pauta em comum. O ICMS verde é uma fonte possível de custeio desse projeto”.
Além do Tarifa Zero, outra questão que poderá causar polêmica no blocão diz respeito à CSN. Enquanto Habibe defende uma postura mais equidistante entre a empresa e a prefeitura, baseada em princípios legais e até no diálogo, o Psol está em rota de colisão com a siderúrgica. “Precisamos ter uma relação profissional com a CSN, fiscalizar e interpelar judicialmente. É difícil para o Inea cumprir sua função fiscalizadora, porque está cooptado pelo governo do Estado. Mas claro, precisamos cuidar da saúde da população”, avisou, seguido por Adriana, que defendeu o IPTU progressivo.
Questionados sobre a adesão do deputado estadual Jari de Oliveira à aliança de esquerda, ambos demonstraram insatisfação. Mas Habibe defende a liberdade de escolha. “É uma questão própria do Jari. Ele foi perguntado sobre isso, mas não aceitou. Assim é a democracia: ela vale até para quem não quer participar do pleito. Mas é claro que queremos que ele apoie o nosso bloco”, disparou o petista, garantindo que, apesar da ausência de Jari, o bloco de esquerda terá a máquina federal como apoio. “O PT vai jogar peso na campanha. As nominatas receberão estrutura”, crê.
Habibe garantiu também que haverá espaços para pautas como as defendidas pelo movimento negro, LGBTQIAPN e mulheres. “Teremos um programa contundente. Independentemente de ganharmos ou não, após nossa campanha juntos, ao menos Volta Redonda terá um projeto para cobrar e que abrace as pessoas”, finalizou.
