A analista de Economia da CNN, Thais Herédia, alertou no WW desta quarta-feira (23) que falta transparência na execução do orçamento federal brasileiro. Segundo ela, há uma parcela significativa dos recursos cuja destinação é desconhecida, o que representa um grave problema para a gestão pública e o controle social.
Herédia enfatizou que cerca de 40% do orçamento da saúde já está sob controle do Congresso Nacional, um aumento considerável em relação ao período anterior à implementação das emendas parlamentares. “Isso é uma enormidade. É quase o dobro do que era antes das emendas parlamentares no final do governo de Michel Temer (MDB), começo da gestão de Jair Bolsonaro (PL)”, afirmou a analista.
Impacto nas políticas públicas
A especialista ressaltou que a área da saúde, por ser extremamente sensível, demanda uma coordenação eficiente de políticas públicas e uma forte conexão com a realidade do destino dos recursos. A dispersão dos fundos, segundo Herédia, compromete essa coordenação e pode afetar negativamente a qualidade dos serviços prestados à população.
“Eu acho que essa dispersão vai se manter, por mais que o governo tente colocar algum destino, vai ‘xis %’ para a saúde, outros ‘xis %’ para investimentos estruturantes”, pontuou Herédia, questionando quem será o responsável por julgar a eficácia dessas escolhas.
Chamado à ação
Thais Herédia expressou preocupação com a aparente falta de soluções para o problema, destacando que mesmo com possíveis melhorias na transparência, questões como a qualidade das decisões, o estabelecimento de prioridades e a determinação de responsabilidades permanecem sem respostas claras.
“Isso é um alarme que tem que soar na cabeça da sociedade brasileira e gritar no Congresso Nacional e dizer: ‘É inaceitável que o Brasil perca o controle de uma parcela tão grande do orçamento’”, declarou.
A analista destacou a urgência de se abordar essa questão para garantir uma gestão mais eficiente e transparente dos recursos públicos. “Olhando para o país, mesmo que fosse uma questão regional, quem vai sofrer é a qualidade da política pública”, concluiu Herédia.