Com homenagem ao ícone do cinema francês Alain Delon, morto em agosto último, e apresentação de 19 filmes inéditos e recentes, vai começar o Festival Varilux de Cinema Francês, maior festival de cinema francês fora França, com mais de 2 milhões de espectadores desde sua criação. A 15ª edição traz produções que integraram os principais festivais do mundo, como Cannes, Veneza e San Sebastián e, entre 7 e 20 de novembro, estarão em 60 cidades de maior e menor porte e em mais de 110 salas de cinemas do norte ao sul do país. Em Volta Redonda, o Festival acontece no Cine Gacemss, a partir desta quinta-feira (7), e vai até 24 de novembro.
“O festival festeja 15 anos de luta pela diversidade cultural no Brasil. Ao longo desses anos, o panorama audiovisual mudou bastante e os filmes independentes são infelizmente cada vez mais raros nas salas de cinema. Contudo, a atração exercida pelo Festival não diminuiu, o que para nós é um grande motivo de orgulho”, afirmam Emmanuelle e Christian Boudier, diretores e curadores do Festival Varilux.
Comédia romântica, drama, drama histórico, thriller, animação e documentário: opções para todas as idades e todos os gostos estão nesta edição. Entre as atrações, o aguardado A Favorita do Rei, de Maïwenn, que abriu o Festival de Cannes em 23, e tem o astro americano Johnny Depp e a diretora e atriz como protagonistas. Este é o primeiro trabalho de Depp após a batalha judicial contra a sua ex-mulher e contabiliza mais de 800 mil espectadores na França. Também filme de abertura de Cannes, em 2024, O Segundo Ato, de Quentin Dupieux, traz nomes conhecidos como Léa Seydoux, Louis Garrel, Vincent Lindon e Raphaël Quenard, e soma mais de 500 mil espectadores também na França.
Outro destaque é o thriller dramático O Sucessor, de Xavier Legrand, diretor do premiado “Custódia” – quatro César em 2019 – e que foi exibido no Varilux no ano anterior. O longa integrou a programação de San Sebastián em 2023, assim como A Fanfarra, de Emmanuel Courcol em 2024. O filme de Courcol ganhou o Prêmio do Público no festival espanhol, depois de passar por Cannes em maio, e faz sua estreia mundial no Brasil durante o Festival Varilux.
Também premiado, A História de Souleymane, de Boris Lojkine, recebeu os prêmios do Júri e de Melhor Ator (Abou Sangare) na mostra Um Certain Regard de Cannes 2024 e aborda questões como a imigração. Já o drama O Conde de Monte Cristo, de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, protagonizado por Pierre Niney (César de Melhor Ator em 2015), chega referendado por cerca de 9 milhões de espectadores na França e aclamado pela crítica.
Além das exibições de longas-metragens recentes e inéditos nas salas de cinema, esta edição do Festival Varilux promove uma Mostra de Filmes em Realidade Virtual e palestras ministradas por Jean-Michel Frodon, jornalista e um dos críticos mais famosos na França, ex-diretor dos Cahiers du Cinéma e ex-responsável pela seção de cinema do jornal Le Monde. As atividades gratuitas serão realizadas somente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Para informações sobre o festival, basta acessar: https://variluxcinefrances.com/2024/
O Festival Varilux de Cinema Francês é realizado pela produtora Bonfilm e tem como patrocinadores principais a Essilor/Varilux, Pernod Ricard/Lillet, Axa, Michelin, além do Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria do Estado de Estado de Cultura e Economia Criativa, Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura. Outros parceiros importantes são as Alianças Francesas, a Embaixada da França no Brasil, Air France, Fairmont (grupo Accor), além das distribuidoras dos filmes e os exibidores de cinema independente/de arte e as grandes redes de cinema comercial.
O HOMENAGEADO
Ícone do cinema francês, muso de gerações, o ator Alain Delon, morto em agosto último, é o homenageado desta edição. Para celebrá-lo, será exibido o clássico de 1960 “O Sol por Testemunha”, de René Clément, cineasta vencedor de dois Oscar por “Três Dias de Amor” (Au-delà des Grilles – 1949) e “Brinquedo Proibido” (Jeux Interdits- 1952).
“O Sol por Testemunha”, que revelou Delon aos 25 anos, serviu de inspiração para a identidade visual da mostra. As artes de divulgação foram criadas a partir de uma das cenas do filme: quando seu personagem Tom Ripley está velejando. Convidado inicialmente para o papel do milionário Philippe, Delon pediu para interpretar o antagonista, de caráter duvidoso e personalidade que acreditava estar mais próxima a dele. O filme, baseado na obra de Patrícia Highsmith, ganhou remake com Matt Damon em 1999 e uma série em 2024.
“Delon era, sem dúvida, uma pessoa complexa e controversa. Ele inspirou toda uma geração de cineastas como Luchino Visconti, Jean-Pierre Melville e René Clément, deixando um legado de 88 filmes como ator. Escolhemos apresentar o filme cult ’O Sol por Testemunha’ pela originalidade de seu roteiro – de Paul Guegauff, roteirista do Claude Chabrol – e pela incrível direção de fotografia de Henri Decaë, o mesmo de ‘Os Incompreendidos’, de Truffaut. Também porque o filme é atemporal, como atestam os recentes remake e série”, comentam os curadores do festival.