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Governo constrói acordo com Lira para deixar PL do aborto sem data para votar

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não tem data no horizonte para votar o projeto que equipara o aborto ao crime de homicídio simples.

A informação, confirmada por aliados de Lira, tem respaldo também dentro do governo. Fontes afirmam que o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), construiu um acordo com as demais lideranças e o presidente da Casa para deixar a votação em aberto.

Um dos pedidos feitos ao presidente da Câmara é que o mérito do PL do Aborto fique para depois das eleições municipais.

Um dos motivos é tirar o aspecto eleitoral do debate e ganhar tempo para mobilizar o tema na sociedade para ir esvaziando a proposta e fazer mudanças no texto.

Há, porém, uma desconfiança se o acordo será realmente cumprido por Lira. Apesar dos apelos de governistas, o presidente da Câmara pautou a votação da urgência do PL do Aborto.

Nesta quarta-feira (12), a urgência foi aprovada em votação simbólica e relâmpago. Com isso, foi retirada a necessidade do texto passar pelas comissões temáticas antes de ser apreciado no plenário. Portanto, dá agilidade à análise da proposta.

“Este PL é violento para com crianças e mulheres que já são vítimas de violência. Nosso trabalho é mostrar ao presidente da Câmara que o PL aprofunda a dor e tragédia na vida das vítimas para fazer uma disputa política”, disse à CNN a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

Por outro lado, a oposição se prepara para cobrar Lira pelo que considera uma das promessas de campanha à recondução à Câmara em 2023.

À CNN, o autor do projeto, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que espera ver o texto votado em até duas semanas no plenário. Segundo ele, Lira se comprometeu a levar as chamadas pautas de costume à votação em aceno às bancadas conservadoras.

“Isso está prometido desde a reeleição dele. Arthur Lira é cumpridor de compromissos, não temos nenhuma dúvida de que ele vai cumprir tudo com a Frente Evangélica”, disse Sóstenes.

O presidente da Casa, aliás, teria feito chegar ao governo, que este ano, não teria como centrar esforços apenas na agenda econômica, mas precisa sinalizar internamente. Lira busca amarrar o apoio da oposição à sua escolha para sucessão no comando da Casa.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) firmou com Lira compromisso de apoiá-lo na escolha, mas a bancada de 95 deputados ainda demonstra resistência sobre a quem dará apoio no próximo ano.

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