Guerra comercial reforça urgência de ajustes fiscais, diz Kawall à CNN

A imposição da guerra comercial iniciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, gerou incerteza que “veio para ficar”, alinhada com a paralisia de investimentos e com a desaceleração do comércio internacional, segundo o ex-secretário do Tesouro Nacional e sócio-fundador da Oriz Partners, Carlos Kawall.

O economista é o entrevistado do Capital Insights desta quinta-feira (1º). O programa semanal de entrevistas é realizado pelo CNN Money e pela Broadcast/AE.

O especialista avalia que os Estados Unidos não sairão prejudicados em meio ao tarifaço, pois sua economia depende pouco do comércio com o resto do mundo.

Enquanto a China, entende o economista, sofrerá impactos por conta da sua capilaridade na economia mundial, ponto que se estende ao Brasil.

“Dependemos, hoje, muito mais das receitas do petróleo do que há cinco anos, não só para a balança comercial, para o fluxo cambial e para as receitas do governo”, diz o ex-secretário do Tesouro.

A avaliação do economista vai na contramão da percepção de que o Brasil pode se beneficiar com a substituição de produtos das economias envolvidas na guerra comercial.

O ex-secretário do Tesouro comenta sobre a necessidade de reconstruir o marco fiscal após as eleições de 2026, diante da pressão recebida pelo atual arcabouço, pressionado pelo crescimento acelerado das despesas obrigatórias e pelo retorno dos precatórios aos limites da regra fiscal a partir de 2027.

Para Carlos Kawall, será crucial enfrentar a indexação dos gastos públicos.

Assim como o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, ele defende que o salário mínimo seja corrigido apenas pela inflação por um período prolongado.

Kawall também destaca a importância de uma nova reforma da Previdência como parte do esforço para reequilibrar as contas públicas.

Segundo o economista, há uma recorrente permissividade nas regras de concessão de benefícios sociais.

Ele aponta um afrouxamento nos critérios para a liberação do auxílio por incapacidade temporária, antigo auxílio-doença, e do seguro-desemprego, cujo comportamento destoa do esperado: mesmo com a queda do desemprego, os pagamentos seguem em alta.

“Tudo isso precisará ser equacionado dentro de um horizonte mais longo”, afirma Kawall.

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