Hospital São João Batista, em Volta Redonda, faz segunda captação de órgãos em 2025

Dois rins, fígado e córneas captados vão beneficiar pacientes que estão na fila única de espera em todo estado

O Hospital São João Batista (HSJB), em Volta Redonda, registrou nesta quinta-feira (20) a segunda captação de órgãos da unidade da rede pública em 2025. Com autorização da família, o doador foi um homem de 62 anos que teve sua morte encefálica confirmada, após ficar internado por dias no hospital, onde foi realizada a cirurgia de retirada dos órgãos e tecidos.

De acordo com a enfermeira da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HSJB, Rebecca Silva Anjo Moreira, dois rins e o fígado foram captados por cirurgiões do programa RJ Transplantes, da Secretaria de Estado de Saúde (SES); e as córneas foram captadas pela equipe do Banco de Olhos de Volta Redonda, sediado no próprio Hospital São João Batista.

“A morte é difícil para todos, mas ela também pode ser a chance de uma nova vida para as pessoas que estão aguardando por um órgão para continuarem a viver. Essa atitude mostra o quanto a generosidade de uma família, logo após a perda de um ente querido, faz a diferença na vida de pessoas que aguardam pelo transplante”, destacou a enfermeira Rebecca Silva Anjo Moreira.

Após o trabalho da equipe multidisciplinar do hospital e da comissão, os familiares tiveram esse ato de generosidade e amor ao próximo, mesmo neste momento tão doloroso de perda. A equipe médica do Pronto-Socorro da unidade, coordenada pela Drª Marcela da Costa Marques, fez uma série de exames muito criteriosos para definir a condição (morte encefálica), que é irreversível. E a equipe de Enfermagem trabalhou na manutenção dos órgãos e tecidos, e no Centro Cirúrgico com a captação de órgãos e tecidos.

De imediato, pacientes que estão na fila única de espera em todo estado já foram contemplados: dois pacientes receberam os rins, um paciente o fígado, dois pacientes as córneas e dois pacientes as escleras. Um único doador pode ajudar até oito pessoas na fila de espera por um transplante.

Do incentivo à doação

O incentivo à doação de órgãos e tecidos na unidade em Volta Redonda é de responsabilidade da CIHDOTT, que atua com uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeira, psicólogos e assistentes sociais. A unidade também promove palestras e treinamentos para os profissionais da área de saúde e para a comunidade, com o objetivo de esclarecer e conscientizar para a diminuição da recusa familiar.

Para a realização do trabalho que viabiliza a captação de órgãos e tecidos, é preciso seguir um protocolo que consiste em três etapas. A primeira é identificar o paciente com uma possível morte encefálica; a segunda é a realização de exames clínicos e complementares para a confirmação da morte encefálica; e, por último, a equipe da CIHDOTT realiza a entrevista, conscientizando as famílias em relação à doação de órgãos e tecidos.

“Independentemente do ‘sim’ da família, todos os pacientes com critérios clínicos sugestivos para morte encefálica têm o seu protocolo aberto e, quando finalizado, tem seu diagnóstico confirmado. A captação só é possível com autorização de familiares. E para fazer essa abordagem com aqueles que acabaram de perder um ente querido, requer treinamentos constantes e atualizações sobre o tema”, explicou Jorge Manes, médico-coordenador da comissão, informando que esses treinamentos, cursos e palestras para profissionais da área de saúde e comunidade também são realizados na própria unidade de saúde.

Todo esse trabalho em conjunto no hospital já resultou em outras doações. Segundo levantamento da unidade, no ano passado foram efetivadas cinco doações, sendo captados: dois fígados, quatro rins, duas córneas e duas escleras. A coordenadora do Banco de Tecido Ocular do Hospital São João Batista, a enfermeira Daniela da Silva, ressalta que a unidade atende 34 municípios da região e que cada doador pode beneficiar até quatro pessoas.

“Lembrando que o hospital terá em 2025 um centro transplantador de córneas para beneficiar a população, que antes precisava recorrer aos centros na capital e até mesmo no município paulista de Sorocaba”, disse Daniela.

Como ser um doador de órgãos

A enfermeira Rebecca Silva Anjo Moreira salientou ainda a importância de informar à família o desejo de ser doador de órgãos e como essa atitude salva vidas. “Um único doador pode ajudar até oito pessoas que estão na fila do transplante. A morte é difícil para todos, mas ela também pode ser a chance de uma nova vida para pessoas que estão lutando para viver”, destacou.

Nenhum documento deixado em vida possui valor legal para garantir a doação de órgãos de uma pessoa ao falecer. O hospital reforça a importância de ser expressado o desejo em ser um doador de órgãos e tecidos, que somente os familiares podem autorizar a doação de órgãos e tecidos.

Foto de divulgação.
Secom/PMVR

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