O Ibovespa hesitava nos primeiros negócios desta segunda-feira (17), com o foco ainda no cenário doméstico fiscal, enquanto no exterior dados econômicos abaixo do esperado na China levaram à queda do minério de ferro, e o petróleo, por sua vez, subia.
Às 10h04, o Ibovespa cedia 0,52%, a 119.034,36 pontos. O contrato futuro do Ibovespa com vencimento mais curto, em 14 de agosto, tinha variação negativa de 0,55%.
Já o dólar subia frente ao real abrindo uma semana que terá como foco a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na quarta-feira (19) sobre a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
No mesmo horário, o dólar à vista subia 0,62%, a R$ 5,4090 na venda. Na sexta-feira (14), a moeda encerrou o dia cotada a R$ 5,3812 na venda, em alta de 0,25%. No acumulado semanal, o dólar subiu 1,06%.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2024.
Os investidores nacionais estarão atentos à decisão do Copom sobre a taxa básica de juros, com uma percepção crescente do mercado de que os membros do colegiado interromperão o ciclo de afrouxamento monetário após sete cortes consecutivos e manterão os juros inalterados.
Mais cedo, o BC mostrou que economistas consultados pela autarquia em sua pesquisa Focus elevaram sua projeção para a Selic, indicando que o BC manterá os juros em 10,50% até o fim do ano. Na semana passada, previa-se pelo menos mais um corte de 0,25 ponto percentual.
“A taxa de câmbio opera em alta na manhã desta segunda-feira refletindo a piora das projeções macroeconômicas do Focus, que mostra expectativa mediana de que o Banco Central não cortará seus juros na decisão desta quarta-feira”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
“Ainda dentro daquele contexto de perda de credibilidade da condução da política fiscal e monetária no país”, acrescentou.
O movimento das previsões em direção a uma pausa no ciclo de cortes já era perceptível na semana passada, quando uma série de bancos elevou suas projeções para a taxa de juros em 2024. O Itaú, em particular, passou a não ver mais espaço para eventuais reduções neste ano.
O cenário é consequência de um aumento das incertezas no exterior e no Brasil, com a diminuição recente das expectativas por cortes de juros no Federal Reserve e uma maior preocupação do mercado em relação ao cenário fiscal brasileiro.
Na última semana, os temores fiscais levaram a divisa norte-americana a subir 1,06% frente ao real na semana, diante de ruídos que abalaram a percepção do compromisso do governo com o ajuste das contas públicas e da estabilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no cargo.
Autoridades do BC, incluindo o presidente Roberto Campos Neto, também têm demonstrado preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, apesar de indicarem que os índices de preços têm sido mais benignos.
No Focus, os analistas subiram mais uma vez sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Eles agora veem o número fechando o ano em 3,96%, ante 3,90% na semana passada. Em 2025, a expectativa é de 3,80%, de 3,78% há uma semana.
Em meio à alta recente do dólar, que chegou a fechar acima de R$5,40 em determinado momento da semana passada, os analistas também elevaram sua projeção para a cotação da moeda norte-americana ao fim do ano, vista agora, em 5,13 reais, ante 5,05 reais na semana passada.
No cenário externo, a moeda norte-americana operava em certa estabilidade, enquanto investidores se mantêm cautelosos e na espera de novos sinais sobre o futuro da política monetária do Fed e em relação ao desenvolvimento das incertezas políticas na União Europeia.
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