Novas regulamentações para a divulgação de dados e informações sobre indicadores ambientais, sociais e de governança que possam ser comparáveis e livres de greenwashing devem facilitar o trabalho de profissionais de investimentos sustentáveis.
Ainda assim, devido ao extenso volume de informações e à necessidade de filtrar a qualidade dos dados, a inteligência artificial (IA) generativa tem sido chave para esse perfil de investidores — analisando até aspectos mais sutis das falas de executivos em teleconferências de resultados, abordagem conhecida como análise de sentimentos.
A inteligência artificial generativa, tecnologia que produz novas informações a partir da análise de dados, está emergindo como uma forma de investidores profissionais avaliarem potenciais investimentos menos óbvios, incluindo soluções climáticas e estratégias para a transição energética.
Essas análises requerem uma combinação mais ampla e diversificada de fatores, comparando indústrias, setores e tipos de negócio, o que torna mais complexo o trabalho dos analistas de investimento.
A gestora de investimentos ScopeFour Capital, com sede na Califórnia, Estados Unidos, por exemplo, utiliza um sistema próprio para encontrar empresas que oferecem uma ou mais de 100 soluções climáticas categorizadas em seis temas principais.
A ferramenta é chamada de Taxonomia Climática do ScopeFour, e se baseia no trabalho do Project Drawdown — rede sem fins lucrativos e apartidária de cientistas, pesquisadores e parceiros, que construiu uma biblioteca de tecnologias e práticas para a descarbonização da economia.
De acordo com a gestora, determinar se a receita de uma empresa está materialmente ligada a estas soluções climáticas não é facilmente identificável utilizando apenas conjuntos de dados comerciais.
A inteligência artificial generativa mapeia os balanços financeiros e relatórios, e determina mais rapidamente a materialidade das estratégias e soluções das empresas, para facilitar a decisão sobre os investimentos.
A materialidade em sustentabilidade se refere à identificação e avaliação das estratégias e soluções mais relevantes da organização em termos do impacto das suas soluções de enfrentamento às mudanças climáticas e suas consequências, bem como de outros aspectos ESG.
A IA generativa também pode vasculhar informações disponíveis publicamente, por exemplo, de notícias, fatos relevantes e conteúdo de redes sociais, para encontrar empresas que possam estar incorporando soluções climáticas nos seus negócios, mas que não foram detectadas no levantamento inicial da gestora de possíveis investimentos para avaliação.
Muitas empresas, por exemplo, anunciaram metas e ambições “net zero”, para reduzir e compensar suas emissões líquidas de dióxido de carbono.
A análise de sentimentos, realizada pela IA para discernir o tom emocional das mensagens das empresas, também é um indicador útil aos investidores.
Por exemplo, a IA pode analisar transcrições de teleconferências de resultados de empresas para avaliar o tom da liderança na discussão de compromissos climáticos e demais tópicos ESG, e analisar comentários sobre produtos ou serviços que possam estar relacionados com soluções climáticas.
Esta análise pode ser especialmente útil quando líderes empresariais falam menos explicitamente sobre ESG.
Apesar de ser um importante apoio, o acesso a essa tecnologia ainda não revolucionou o trabalho dos profissionais de finanças sustentáveis, mas a crescente procura por licenças de IA generativa por parte das empresas e firmas de investimentos sinaliza seu potencial.
Outras tendências de mercado como essa serão tema de evento inédito entre 17 e 19 de junho em Nova York. O GreenFin espera receber cerca de 1.000 profissionais de finanças corporativas e sustentabilidade, instituições financeiras, investidores institucionais e decisores políticos de investimento.
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