A jornalista Marilene Severiano, de Pinheiral, revelou durante seu programa de entrevistas, na manhã desta segunda-feira (5), estar sendo vítima de ataques racistas, ofensas pessoais e perseguições sistemáticas nas redes sociais. A profissional relatou os abusos diretamente ao delegado Antonio Furtado enquanto o entrevistava. Na parte da tarde, junto com testemunhas, ela compareceu à 101ª Delegacia de Polícia, onde registrou o caso. Furtado, titular em Piraí e que também nesta segunda assumiu interinamente a delegacia de Pinheiral, devido às férias do titular José de Moraes Ferreira, disse que um inquérito foi aberto para apurar o caso.
“A profissional foi chamada de forma pejorativa, teve sua aparência criticada, sua profissão desmerecida, e ainda foi alvo de uma comparação ofensiva com um animal, o que, a nosso ver, caracteriza crime de injúria racial, hoje equiparado ao crime de racismo, com pena que pode chegar a cinco anos de prisão”, disse Furtado. Segundo ele, os ataques têm origem em um grupo que se organiza pela internet e intensificaram após a jornalista noticiar a absolvição de um morador da cidade acusado de estupro e o pedido da mãe do absolvido para que deixassem de tratá-lo como culpado.
“A matéria gerou reações hostis nas redes sociais, com ataques diretos à jornalista. Colocaram em dúvida sua imparcialidade, desqualificando sua atuação profissional e chegando a fazer insultos com conotação racial, como chamá-la de “urubu” e “jornalista de fundo de quintal”. Verificamos que, além da injúria racial, existe também a possibilidade de caracterização do crime de cyberbullying, caso a conduta ofensiva tenha sido sistemática. A pena para esse tipo de crime pode chegar a quatro anos de reclusão. E deixamos claro que, se qualquer intimidação ou ameaça for feita após o registro da ocorrência, os autores poderão responder por coação no curso do processo, cuja pena máxima também chega a quatro anos de cadeia, podendo resultar, inclusive, em prisão em flagrante”, alertou.
A denúncia foi formalizada com apresentação de provas dos ataques, como prints das publicações e mensagens. Até o momento, cinco pessoas já foram identificadas como suspeitas de envolvimento nos ataques, e o inquérito policial vai aprofundar as investigações.
“O que vimos foi uma tentativa clara de intimidar uma profissional da imprensa pelo simples fato dela exercer seu papel. Isso, além de ser crime, representa uma ameaça à liberdade de imprensa e à democracia. Um ataque a uma jornalista é um ataque a todos os que defendem uma sociedade livre e informada”, frisou o delegado. (Foto: Divulgação)