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Juros futuros sobem com pressão do Tesouro nos EUA e desconfiança fiscal

As taxas dos DIs ganharam força no fim da sessão e fecharam esta sexta-feira (19) em alta, refletindo o avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e a persistente desconfiança em relação à política fiscal no Brasil, mesmo após o governo anunciar na véspera um congelamento de despesas no Orçamento de 2024.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,69%, ante 10,684% do ajuste anterior.

Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,47%, ante 11,401% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,725%, ante 11,655%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,13%, ante 12,065%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,14%, ante 12,084%.

Os juros futuros abriram o dia em queda firme no Brasil, refletindo o anúncio do fim da tarde de quinta-feira, quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo fará uma contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano para cumprir as exigências do arcabouço fiscal.

Segundo ele, R$ 11,2 bilhões serão bloqueados para respeitar o limite de despesas públicas para este ano. Outros 3,8 bilhões de reais serão contingenciados para que a projeção de resultado primário do ano fique dentro da banda de tolerância da meta fiscal.

O anúncio do governo buscou reduzir a tensão no mercado, que aguardava com ansiedade a divulgação de um número até a próxima segunda-feira, dia 22, quando o governo apresentará seu Relatório Bimestral de Receitas e Despesas.

Em reação, a taxa do DI para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos — marcou a mínima de 11,28% às 9h05, pouco depois da abertura, em queda de 12 pontos-base ante o ajuste da véspera.

A taxa do DI para janeiro de 2031 marcava 11,96%, em queda de 11 pontos-base na abertura.

Ao longo da sessão, porém, outros fatores fizeram as taxas voltarem a ganhar força e, no fim do dia, migrarem para o território positivo.

“Parece que o cenário político ainda tem feito muito preço, principalmente quando o presidente Lula faz algumas declarações sobre o fiscal. O mercado ainda tem dúvidas sobre as ações do governo”, comentou durante a tarde Thiago Lourenço, operador da Manchester Investimentos.

“Além disso, a curva norte-americana está subindo bem, em especial o título de dez anos. Isso também alimenta um pouco (as taxas dos DIs)”, acrescentou.

No mercado também havia a avaliação de que os R$ 15 bilhões congelados estão longe de resolver a questão fiscal e evitar a expansão da dívida pública.

“Não há muitos motivos para se animar com o anúncio de ontem. Pode até ter sido melhor do que se esperava na véspera, mas claramente é insuficiente para colocar a dívida pública em trajetória sustentável”, disse Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil WM, em comentário enviado a clientes.

“Medidas estruturais para controle das despesas são indispensáveis. Sem isso não haverá solução”, acrescentou.

Ainda que as baixas das taxas vistas pela manhã tenham sido apagadas no fim do dia, não houve alteração substancial na precificação da curva para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no fim deste mês.

Perto do fechamento a curva a termo brasileira precificava 85% de chances de manutenção da taxa básica Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês e 15% de possibilidade de alta de 25 pontos-base. Na quinta-feira os percentuais eram de 81% e 19%, respectivamente.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta no fim da tarde, com investidores aguardando novos dados econômicos dos Estados Unidos na próxima semana para avaliar o futuro da política monetária.

No geral, o dia nos mercados globais foi negativo, com as bolsas de Nova York em baixa firme, o dólar em alta ante a maior parte das divisas e a curva de juros norte-americana abrindo, em sessão marcada ainda por uma falha tecnológica global.

Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 5 pontos-base, a 4,241%.

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