Em delação, o ex-policial e réu confesso Ronnie Lessa, preso por envolvimento na morte de Marielle Franco, em 2018, disse que soube em um bar sobre a morte do motorista Anderson Gomes.
Após executar a vereadora carioca Marielle e o motorista Anderson, em 14 de março de 2018, Lessa relatou ter ido a um bar na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. O também ex-policial militar fluminense Élcio Queiroz, quem dirigia o veículo, também estava com Lessa no bar.
No local, um garçom mostrou fotos do crime que havia recém-ocorrido. “Aí que descobrimos que tinha mais uma pessoa morta”, relatou.
“Na verdade, a ficha nem caiu direito. Eu falei: ‘onde?’. Ele disse: ‘no centro’. ‘Duas pessoas?’ Aí, vi nas fotos do WhatsApp que o motorista estava morto”, afirmou.
“A coisa ficou mais tensa ainda”, segundo Lessa. “Não era a finalidade também [matar Anderson]”, afirmou.
A delação de Lessa foi prestada à Polícia Federal (PF) em 2023. O sigilo dela foi retirado nesta sexta-feira (7) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes — que também autorizou que ele fosse transferido de presídio.
No acordo, o ex-PM delatou os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como mandantes da morte de Marielle e Anderson Gomes.
Os irmãos, junto ao delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, foram presos preventivamente no final de março no âmbito do caso.
A CNN entrou em contato com todos os citados. A defesa de Rivaldo afirmou que Lessa “mentiu deliberadamente” e ainda “recebeu um prêmio antes do final da corrida”.
Ao falar em “prêmio”, a defesa do delegado se refere a Lessa ter recebido autorização para ser transferido para o Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo.
Por sua vez, a defesa de Lessa não fez referência ao conteúdo da delação: apenas à transferência de presídio. Os demais citados na delação não retornaram aos contatos da CNN.
* Com informações de Lucas Mendes e Julliana Lopes
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