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Um edital publicado ontem, sexta, 12, pelo presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos, Edimar Miguel, convocando uma assembleia para mudar o estatuto da entidade gerou o maior bafafá no meio sindical local. Marcada para terça, 16, a reunião tem por objetivo liberar a inclusão de anistiados políticos como sócios do Sindicato. O problema é que a mudança no estatuto não deve ser feita como Edimar pretende. Segundo apurado pelo aQui, ela teria que passar pela aprovação dos trabalhadores, através de votação secreta, e ainda da diretoria executiva. E é exatamente essa diretoria que está em guerra com Edimar desde 2022. “É um golpe com alvo certo”, denunciou Leandro Vaz, diretor jurídico do Sindicato.
De acordo com Leandro, há pelo menos duas explicações para a publicação do edital em um jornal diário da cidade do aço. A primeira é que Edimar não gostou nem um pouco de saber que está sendo processado por um suposto crime de difamação, em ação ajuizada pelo diretor financeiro, Alex Clemente. No final de janeiro, Edimar acusou Alex, nas redes sociais e em boletins da entidade, de desviar mais de R$ 600 mil das contas do Sindicato. Para provar que não tinha efetuado nenhum desfalque, Alex prestou contas ao Conselho Fiscal e aos trabalhadores, apresentando o balanço financeiro de sua gestão, inclusive com provas de que o próprio Edimar supostamente teria pedido dinheiro a ele. A ação tramita na 1a Vara Criminal de Volta Redonda desde março, mas Edimar só foi citado durante a semana.
A hipótese levantada por Leandro parece ser ainda mais preocupante, porque, no edital de convocação da assembleia para a mudança do estatuto, Edimar deixa clara a intenção de permitir aos anistiados políticos a legitimidade de, como novos associados, votar e serem votados. Para o G5 – grupo da executiva de oposição –, Edimar quer mudar o estatuto para beneficiar o advogado e seu assessor pessoal, Tarcísio Xavier. “O Tarcísio Xavier, advogado pessoal de Edimar, tem um processo de anistia política em curso. Por aí, você já tem uma ideia do que ele quer fazer”, comentou Leandro.
Ao aQui, Leandro disse que, embora Edimar tenha publicado o edital de convocação para a assembleia, a mudança do estatuto requer muito mais do que a aprovação dos trabalhadores. Terá de passar pela executiva. “Para mudar o estatuto, o Edimar vai ter de colocar urnas em todas as empresas da base, e a executiva vai ter que avaliar. É claro que isto não vai para frente, o edital está todo viciado, não vai prevalecer, não é assim que se faz”, avisou.
A assembleia está prevista para a próxima terça, dia 16, na Praça Brasil, em duas convocações: às 7h e às 7h30min. Consta no edital que basta a aprovação da metade dos presentes mais um (50% + 1) para ocorrer a mudança do estatuto, mas, de acordo com Leandro, essa metodologia estaria errada, o que seria mais do que suficiente para derrubar o edital. “Edimar tá com raiva, por isto está fazendo isto. Ele foi notificado do processo do Alex e resolveu fazer mais isso. Pura vingança, mas não vai pra frente”, avaliou Leandro.

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