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Mulheres ainda enfrentam baixa representatividade nas eleições 2024 em Volta Redonda e Barra Mansa

Apesar de serem maioria entre os eleitores em Volta Redonda e Barra Mansa, as mulheres continuam sub-representadas na disputa por cargos eletivos, como mostram os dados das eleições municipais de 2024. Este cenário preocupante evidencia a persistente desigualdade de gênero na política local.

Dos 707 pedidos de candidatura apresentados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em Volta Redonda e Barra Mansa, apenas 32,81% são de mulheres. Em Volta Redonda, o maior colégio eleitoral da região, com 225.626 eleitores aptos, apenas 33,70% dos 365 candidatos são mulheres, número que mal ultrapassa a cota mínima de 30% exigida por lei.

Nenhuma mulher concorre ao cargo de prefeita na cidade, e entre os sete candidatos a vice-prefeito, apenas três são do gênero feminino. Na disputa por uma vaga na Câmara Municipal, dos 351 candidatos, somente 120 (34%) são mulheres.

Vale destacar que, embora as eleitoras representem 54% do total em Volta Redonda, a última mulher a ocupar uma cadeira na Câmara foi Rosana Bergone, cujo mandato terminou em 2020. Atualmente, a Casa Legislativa é composta exclusivamente por homens, totalizando 21 vereadores.

Barra Mansa

Em Barra Mansa, a situação não é muito diferente. Das 342 candidaturas registradas, 32% são de mulheres, apesar de 53% dos 135.736 eleitores do município serem do gênero feminino. Não há nenhuma candidata à prefeitura, e apenas duas das quatro candidaturas à vice-prefeitura são femininas.

Entre os 334 candidatos a vereador, 107 são mulheres, representando 32% do total. Diferentemente de Volta Redonda, a Câmara Municipal de Barra Mansa atualmente conta com cinco vereadoras em exercício.

Igualdade distante

Para o historiador Adelson Vidal, a luta por igualdade na política ainda está longe de ser alcançada. Ele destaca que, historicamente, o processo de democratização ignorou as mulheres, e, apesar dos avanços, ainda há uma grande carência de representação feminina nos espaços de poder.

“O processo de democratização na história iniciou sem as mulheres, e ainda segue carecendo de representação feminina. Em Atenas, considerada o berço da democracia, as mulheres não tinham participação política. A luta feminina pelo voto cresceu, como no caso das suffragettes, que no início do século XX lutaram pelo voto feminino. Apesar dos avanços, há ainda uma enorme carência de participação feminina nos espaços governamentais”, explicou Vidal.

“Em Volta Redonda, basta uma olhada na Câmara de Vereadores, no reduzido número de candidatas aos poderes Executivo e Legislativo, para percebermos que ainda há um longo caminho até a verdadeira igualdade de gênero”, completou.

Segundo o historiador, os obstáculos estão enraizados em uma sociedade ainda fortemente machista, que subestima a capacidade das mulheres de participar do poder. “Elas ainda são vistas exclusivamente como donas de casa e geradoras de filhos”, analisou Vidal, citando nomes importantes no movimento feminista, e mesmo fora dele, que influenciam na maior participação das mulheres nas estruturas de poder.

“Podemos buscar personalidades na filosofia, como Simone de Beauvoir, até Kamala Harris, que pode assumir a presidência da maior potência mundial”.

José Maria da Silva, conhecido como Zezinho, membro do Movimento Ética na Política (MEP), ecoa essas mesmas preocupações. Ele observa que, embora as mulheres tenham uma presença histórica em organizações populares e sociais, essa participação não se reflete nos cargos políticos.

“Nas eleições municipais de 2020, no Brasil, apenas 12,1% das prefeituras foram ocupadas por mulheres. Nas Câmaras Municipais, somente 16% das cadeiras são de vereadoras. Em Volta Redonda, esse percentual foi de 0%. Há algo errado. Posso adiantar, não é culpa das mulheres; é sim o reflexo do patriarcado e do machismo impregnado, lamentavelmente naturalizado nas pessoas e nas instituições”, afirma Zezinho.

“A triste máxima, ‘política é coisa para homens’, é um sinal de atraso. Política é coisa para mulheres também, e elas têm grande habilidade em cuidar das pessoas, do ambiente e do zelo pelo erário. Em Volta Redonda, temos um leque de valorosas mulheres que fizeram e fazem essa cidade ser o que é, mas que muitas vezes não são vistas ou reconhecidas”, ressalta.

O integrante do MEP acredita que, mesmo com o baixo número de candidatas, é possível que 20% das cadeiras na Câmara Municipal de Volta Redonda sejam ocupadas por mulheres em 2025. “São poucas candidatas, mas há muitos eleitores e eleitoras conscientes de que o quadro precisa começar a mudar”, conclui.

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