01/06/2025 00:22

Neto admite que pode, sim, plantar maconha na Fundação Beatriz Gama

Por Mateus Gusmão

Se tem algo que o prefeito Neto gosta é de inovar. Em seus mais de 20 anos à frente do Palácio 17 de Julho, ele criou dezenas de projetos que foram copiados por outros prefeitos. O uso do Estádio Raulino de Oliveira, que abriga, além de partidas de futebol, áreas de atendimento médico, é um dos bons exemplos. Em 2023, Neto inovou novamente: passou a fornecer, através da rede pública municipal, a ‘maconha’ (cannabis) medicinal. Um tabu até então. Em Volta Redonda, os pacientes que recebem – de graça, vale frisar – o popular óleo da maconha sofrem, entre outras doenças, de epilepsia refratária, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Parkinson, Alzheimer, dor crônica, esclerose múltipla, distúrbios do sono. Eles são acompanhados nos serviços especializados da rede pública local. A prioridade é para aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais e que tenham indicação médica para o uso do medicamento. Esses pacientes são acompanhados por professores do UniFOA, principalmente os de Medicina.

O detalhe é que o projeto de Neto já faz sucesso. E a demanda acabou se tornando maior do que a oferta. Até o momento, por exemplo, Volta Redonda entregou mais de 1,7 mil frascos de canabidiol para 434 pessoas. E já há casos em que pacientes teriam tido interrupção no recebimento do medicamento. Pior. Há pessoas na fila de espera para ingressarem no programa municipal de cannabis medicinal. Em entrevista exclusiva ao aQui, Neto abriu o jogo. Destacou a dificuldade para a compra do medicamento devido ao seu alto custo e anunciou que o município estuda alternativas, como plantar maconha, a cannabis, mas garante que a distribuição do remédio não vai parar. “Devido à falta de regulação federal, os processos de compra e distribuição ainda sofrem alterações que fogem ao controle do governo municipal.

Existem atrasos, mas não paramos e não vamos parar o projeto em momento algum”, comentou. Segundo Neto, a Prefeitura de Volta Redonda está, neste momento, fechando mais uma compra de medicamentos. O que, segundo ele, só é possível graças aos esforços do governo e de grandes parceiros que tem. “As pessoas vão receber os frascos em casa, como fazemos desde o início do projeto. Ser pioneiro em algo tão grandioso tem seu preço, mas não podemos retroceder”, destacou, confirmando que há pessoas na lista de espera para receber o medicamento. “A fila segue sendo montada, mas a inclusão de mais pacientes depende muito da desburocratização do Governo Federal”, disse.

Neto voltou a cobrar a regulamentação, por parte do Governo Federal, do tratamento à base de cannabis. “A gente não pode parar de atender as pessoas e tem de mostrar ao governo que a fila não para de crescer. O maior instrumento de pressão que temos é mostrar o tanto de pessoas que precisam do medicamento, bem como as melhorias que o remédio faz para quem já recebe. Isso Volta Redonda faz e, se Deus quiser, vamos poder em breve celebrar a regulamentação deste medicamento”, completou. Neto vai além. Garante que a cobrança sobre regulamentação do tratamento à base de canabidiol ao Ministério da Saúde irá ajudar os volta-redondenses.

“Vai tornar o medicamento mais barato e o processo para aquisição menos burocrático. Sincera-mente, confio muito que o ministro (da Saúde, Alexandre Padilha), que assumiu tem pouco tempo, vai colocar isso para andar”, crê Neto. Sobre a possibilidade de plantar maconha na Fundação Beatriz Gama, como o aQui repercutiu depois que o prefeito comentou o assunto em entrevista a Dário de Paula, Neto garante que é uma possibilidade. “Se as coisas não andarem no âmbito federal, vamos criar alternativas. Esta é uma delas. Quero ter todas as propostas na mesa. Temos de trabalhar para vencer a burocracia, mas, enquanto isso, vamos analisar todas as alternativas”, comentou, dizendo que não há previsão sobre produção estimada, nem. do número de pessoas que poderão ser atendidas, entre outros. “Estamos ainda em fase de estudos e analisando as questões jurídicas, farmacêuticas. Não é um processo simples, mas estamos caminhando”, destacou.

Já a respeito do custo mensal da Prefeitura com a compra da cannabis medicinal, Neto não revelou os valores. Mas diz que conta com ajuda de parceiros para a aquisição do medicamento. “Temos uma parceria com a FOA, que vem fazendo um estudo pioneiro no Brasil sobre os efeitos do remédio, seus benefícios. O Paulo Afonso (ex-presidente do Sindpass), nosso amigo que nos deixou mais cedo do que deveria, foi alguém que nos ajudou muito. Os filhos dele, Lucas, André e Hugo, mantiveram essa ajuda a estes pacientes. Hoje em dia, é um grande malabarismo para a gente conseguir tocar esse projeto. A partir deste mês, vamos fazer a compra com emendas parlamentares. O deputado estadual Munir Neto destinou R$ 500 mil para essa finalidade. Vamos conseguir avançar”, concluiu o prefeito.

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