Os deputados federais Ricardo Salles (Novo) e Rogério Correia (PT) discutiram, nesta sexta-feira (7), em O Grande Debate (de segunda a sexta-feira, às 23h), se a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro reforça o projeto de lei que anistia os condenados pelos atos criminosos de 8 de janeiro de 2023.
Ricardo Salles defende que a proposta é fortalecida pela denúncia. Para Salles, há um sentimento de que as pessoas foram condenadas em um juízo que não deveriam estar, uma vez que elas não têm foro privilegiado.
“Você pode dizer que foi invasão de propriedade, depredação de prédio público ou até querer enquadrar, o que eu acho que não é o caso, como tentativa de golpe de estado. Ninguém da golpe em um domingo ou em um final de semana, vestido com a bandeira do Brasil e com vendedor de algodão doce andando no meio. Não tinha uma arma, os prédios estavam fechados. É baderna, é depredação e como tal deve ser tratada, mas passando ao largo disso, o Brasil precisa pacificar esse assunto. Enquanto esse assunto tiver gerando esse sentimento de injustiça, o país não se pacificará”, opinou.
“Quem perde com isso, além obviamente dos condenados, é o próprio governo do presidente Lula. Quem é governo tem interesse em pacificar, em estabilizar, deixar isso para trás, passar uma borracha. Lula sairia como uma pessoa maior, uma pessoa grande, uma pessoa com mais sentimento de país. O governo atual e a esquerda ficarem trabalhando contra a anistia dá um sentimento de pequenez, um sentimento de revanchismo, de vingança”, concluiu.
Já Rogério Correia entende que o PL da anistia não será aprovado pelo Congresso. Correia afirma que o projeto “não tem pé nem cabeça”.
“Logo depois que o presidente Lula foi eleito, as estradas foram ocupadas, foram feitos atos de terrorismo, ocuparam a frente dos quartéis pedindo a ditadura militar e fizeram toda aquela quebradeira. Evidentemente não foram senhoras idosas quebrar o Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. Foi organizado, foram para lá com pessoas que pagaram para eles irem. Todo esse planejamento está colocado pela Polícia Federal em seu inquérito”, disse.
“Você não pode falar em pacificação antes do julgamento. Como se fala em anistia antes de serem julgados especialmente os que planejaram o crime de formação de quadrilha para tentar derrubar um presidente eleito e acabar com nosso direito de fato? É um crime grave, isso tem que ser apurado, nós temos que dar tempo para que eles apresentem a defesa. Aliás, ontem foi o último dia para se apresentar a defesa [da denúncia da Procuradoria-geral da República sobre o plano de golpe], e se de fato os denunciados se julgassem inocentes, não estariam pedindo anistia, estariam dizendo que eram inocentes e que iriam provar a sua inocência”, defendeu.
Nesta sexta-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar que o ex-presidente Jair Bolsonaro deveria “provar sua inocência” em vez de clamar por anistia.