A tradicional rede de cafeterias Casa do Pão de Queijo entrou com um pedido de recuperação na Justiça de São Paulo, protocolado no dia 28 de junho, com dívida estimada em R$ 57,5 milhões.
Inaugurada em 1967, com sua primeira loja no centro da capital paulista, a marca rapidamente ganhou popularidade. Vinte anos mais tarde, a empresa passaria a adotar o modelo de franquias.
Hoje, a cafeteria conta com 22 lojas próprias e 170 franquias. O pedido de recuperação judicial não engloba os pontos franqueados.
Procurada pela CNN, a Casa do Pão de Queijo assegura que não planeja fechar pontos ou vender a marca para uma operadora.
“A Casa do Pão de Queijo continua e continuará operando normalmente. Quando houver a aceitação do pedido de processamento de recuperação judicial, a Casa do Pão de Queijo deverá entregar um plano à Justiça”, afirma a empresa em nota à CNN.
“O compromisso da marca é sempre oferecer produtos e serviços de excelência, continuar inovando, crescendo e atender cada vez melhor sua clientela”.
Na última terça-feira (2), o juiz Leonardo Manso Vicentin, da 1ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem, nomeou um perito para analisar a situação da empresa.
“A perícia prévia deverá consistir, objetivamente, na verificação das reais condições de funcionamento da empresa, promovendo visita à sede e de eventuais filiais, a fim de que seja certificada a regularidade da atividade”, escreveu o juiz na decisão.
O relatório deve ser apresentado em cinco dias corridos da decisão de Vicentin. Uma vez entregue a análise, o juiz deve aceitar ou não o pedido de recuperação judicial.
A Justiça de SP também determinou não interrompam o fornecimento de energia à fábrica da Casa do Pão de Queijo, “diante da essencialidade do serviço de energia elétrica para a manutenção da atividade empresarial”.
Covid, juros e Rio Grande do Sul
O rombo informado pela Casa do Pão de Queijo no pedido de recuperação judicial é de R$ 57,5 milhões.
A empresa alega que foi “fortemente impactada pela pandemia de Covid-19”, uma vez que a suspensão das atividades levou a empresa não só a deixar de vender, como perder produtos.
Para agravar a situação de ficar com pouca receita no período, a Casa do Pão de Queijo aponta que ficou “sem uma contrapartida suficiente em termos de aluguéis de lojas, pagamento de funcionários e contratos com fornecedores”.
Além dos efeitos da crise sanitária, a companhia cita os juros elevados como um “cenário macroeconômico pouco favorável” aos negócios.
O Banco Central (BC) iniciou o início do ciclo de cortes da Selic em agosto do ano passado, quando taxa estava em 13,75% ao ano. O ritmo, porém, foi interrompido no mês passado, no patamar de 10,5% e sem sinalizações de novos recuos.
E o episódio recente que coroou os problemas da marca foi o das enchentes no Rio Grande do Sul.
As chuvas partir do final de abril são definidas pela empresa como “episódios climáticos desfavoráveis” e que também “implicaram perda de receitas relevantes”.
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