Por Pollyanna Xavier
Parece ironia. E é. Um idoso de 73 anos foi flagrado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em Resende, realizando uma obra de manutenção em condições precárias. O homem supostamente tem deficiência auditiva e teria sido contratado para pintar paredes, tirar um vazamento do telhado, limpar calhas e fazer outros reparos. O flagra foi feito pelo diretor de Saúde, Segurança e Previdência do próprio Sindicato, Maurício Faustino, que não participou da contratação. “Quando o Maurício chegou na sede de Resende, este senhor estava em cima de uma escada de ferro mexendo no telhado, sem nenhuma segurança ou uso de EPIs. Ele mandou parar, imediatamente, a obra”, contou José Marcos, diretor de Comunicação da entidade.
O idoso teria começado a trabalhar na sede de Resende no dia 18 de outubro, e o flagrante aconteceu no dia 28. Até então, os diretores do Sindicato não sabiam nem que o local estava passando por manutenção, muito menos que os trabalhos eram executados por um idoso. “O Edimar não comunica nada para a gente”, reclamou José Marcos, referindo-se ao presidente do órgão. Foi preciso que ele se informasse com terceiros sobre o valor dos serviços “Ele iria receber R$ 150 por dia. Fez isto sem falar com a gente e sem passar pelo departamento financeiro”, criticou, acrescentando que pior foi ter contratado um trabalhador idoso, sem segurança, sem contrato ou qualquer outra garantia. “Edimar fez isto escondido”, disparou. Depois de flagrar o caso, Maurício Faustino teria enviado uma nota aos demais diretores do Sindicato, informando que tomou a decisão de parar os serviços e dispensar o trabalhador idoso, dentro das suas atribuições estatutárias.
“Estive fiscalizando a sede de Resende e encontrei um trabalhador em condições precárias de trabalho, colocando em risco sua vida. Nós lutamos e defendemos os trabalhadores, mas isso não pode acontecer dentro da nossa casa. Considerando o risco de acidente, embargo a obra”, escreveu o sindicalista. “Somos um sindicato de trabalhadores, a atitude do presidente foi patronal, e não trabalhista”, emendou José Marcos.
O diretor de Comunicação, José Marcos, disse que, diante do flagrante, uma funcionária da sede de Resende teria até tentado impedir a ação de Maurício Faustino. Aproveitou para questionar quem se se responsabilizaria pelo idoso, caso ele sofresse uma queda ou qualquer outro acidente dentro da sede. “A contratação foi de boca, quem se responsabilizaria? Somos um sindicato que defende trabalhadores; mesmo que a nossa base seja metalúrgica, não significa que vamos passar por cima de irregularidades envolvendo outras categorias”, concluiu.
NOTA DA REDAÇÃO: O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos foi procurado para falar a respeito da denúncia, mas não respondeu ao pedido da reportagem.