Obras podem aterrar a segunda lagoa do Belvedere

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Foto: Luiz Vieira 


Por Mateus Gusmão

O leitor deve se lembrar de um infeliz acontecimento, em 2019, na região do Belvedere, em Volta Redonda: o aterramento de uma lagoa que ficava às margens da Rodovia dos Metalúrgicos (sentido Dutra/VR), próximo à garagem da Viação Agulhas Negras. O fim da lagoa, denunciado pelo aQui e acompanhado por órgãos ambientais do estado, aconteceu por conta de uma terraplenagem feita em uma área particular – da família Campos Pereira – ao mesmo tempo em que a prefeitura de Volta Redonda (governo Samuca) construía uma rotatória nas proximidades de um cemitério particular e executava obras de drenagem de água de chuva.
O caso terminou com uma intervenção do Inea, ainda em andamento, com o órgão analisando pedido dos proprietários do terreno para aumento da área comercializável. O engraçado é que a morte da Lagoa do Belvedere foi solenemente ignorada pelas autoridades ambientais do município. Na época, por exemplo, o secretário de meio ambiente do governo Samuca chegou a jurar que a lagoa não existia, e muitas pessoas acreditaram nele e nada fizeram para impedir que ela fosse aterrada.
O pior de tudo é que a história pode estar se repetindo, com outros protagonistas. E, se nada for feito, pode terminar com a morte da segunda lagoa do Belvedere, localizada também às margens da Rodovia dos Metalúrgicos (à direita, sentido VR/Dutra),
praticamente em frente à lagoa que foi aterrada, nas proximidades da entrada do Condomínio Vivendas do Lago.
A única diferença é que desta vez a obra de terraplanagem foi feita pela antiga Secretaria de Infraestrutura da prefeitura de Volta Redonda, comandada pela engenheira Poliana Moreira – atual secretária de Serviços Públicos. Detalhe: pelo que aQui descobriu, a movimentação de terra não tinha, e não tem, licenciamento ambiental. O terreno, pelo que uma fonte revelou, pertence a um grupo de quatro empresários de Volta Redonda, entre eles, um médico e ex-vereador.

O engraçado é que, no último dia 6 de maio, a prefeitura de Volta Redonda divulgou que estava executando o que chamou de ‘importantes obras de infraestrutura’ no trevo de acesso ao Vivendas do Lago, próximo à rotatória que leva ao Cemitério Portal da Saudade. Segundo release, a Secretaria de Infraestrutura e uma empreiteira estariam realizando serviços no local por conta de problemas ocasionados por obras do passado. Ou seja, do governo Samuca. Os trabalhos envolveriam o sistema de drenagem de água da chuva, que contaria ainda com a limpeza de todos os bueiros e a construção de uma caixa de ralo que estava danificada, prejudicando o escoamento das águas pluviais.
“Nesse local havia um problema de drenagem, em decorrência de obras feitas no passado. Estamos ali desde a última semana. Refizemos a base e estamos fazendo a drenagem. Vamos desobstruir toda a rede e, em seguida, aplicar novo asfalto”, explicou a então titular da SMI, Poliana Moreira. Ela ficou no cargo até semana passada, quando teve sua pasta dividida em duas novas secretarias: Obras (agora comandada por ela) e Serviços Públicos, comandada por Jerônimo Telles).
A obra de Poliana, entretanto, foi paralisada. E continuará assim por um bom tempo. Isso porque a Secretaria de Meio Ambiente de Volta Redonda questionou a nova Secretaria de Obras (que ficaria responsável pela intervenção após a divisão da Secretaria de Infraestrutura) se as obras de drenagem nas proximidades da lagoa teriam licenciamento ambiental. “O local está com problemas por conta de imbróglios envolvendo o Ministério Público e o Inea. A prefeitura não deveria fazer qualquer movimentação de terra, nem mexer na rede pluvial. É uma área em que não poderia mexer”, destacou uma fonte do aQui, com trânsito no Palácio 17 de Julho.
Segundo a fonte, a drenagem feita pela SMI estaria sendo feita no sentido do espelho d’água (lagoa), tendo inclusive movimentado terra nas proximidades dela. A Secretaria de Meio Ambiente, conforme apurado, teria notificado a Secretaria de Obras solicitando informações acerca da drenagem feita, indagando se a pasta teria obtido licenciamento ambiental junto ao Inea. Não deve ter, pois as obras foram paralisadas há mais de um mês.

NOTA DA REDAÇÃO: O aQui procurou a prefeitura de Volta Redonda para saber se as obras de drenagem nas proximidades do Vivendas do Lago, feitas pela SMI, teriam autorização ambiental tanto do Município quanto do Estado. Até o fechamento desta edição, não houve retorno.

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