Oito venezuelanos foram resgatados de condições análogas à escravidão em uma obra dentro de um motel em Realengo, na Zona Oeste. As vítimas viviam em condições precárias no próprio estabelecimento e enfrentavam jornadas exaustivas de trabalho, sem qualquer vínculo formal de emprego.
A ação de resgate foi conduzida na última segunda-feira (31) pelo Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), em conjunto com a Superintendência Regional do Trabalho e a Polícia Federal.
De acordo com as investigações, os trabalhadores foram aliciados ainda na Venezuela por um intermediário que prometia o pagamento de cerca de R$ 6 mil por cada cômodo construído. No entanto, além de receberem salários abaixo do piso da construção civil brasileira, eles também foram forçados a assumir dívidas com o empregador, que descontava dos pagamentos despesas como passagens aéreas, ferramentas e outros custos operacionais.
Sem acesso a Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e sem registro em carteira, os venezuelanos estavam alojados em apenas três quartos do motel: seis dormiam em camas de casal e dois no chão. Um dos trabalhadores, que preferiu não se identificar, relatou ao MPT ter sentido medo de reivindicar seus direitos.
“Foi oferecido um emprego para mim, mas quando cheguei aqui percebi que as demandas eram muito maiores. Fiquei com medo de reivindicar meus direitos, porque poderia acabar sendo colocado na rua, sem trabalho e sem moradia”, relatou.
Após o resgate, os trabalhadores foram acolhidos pelo Projeto Ação Integrada (ProjAi), uma iniciativa do MPT em parceria com a Cáritas Arquidiocesana. Eles compareceram à sede do MPT-RJ na última quinta-feira (3) para prestar depoimentos.
A empresa responsável pelo aliciamento e exploração firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPT, comprometendo-se a pagar R$ 7 mil em verbas rescisórias e R$ 12 mil por danos morais a cada trabalhador, além das despesas com o retorno dos resgatados à Venezuela.
